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EDUCAÇÃO & LITERATURA

 

COLÉGIO PREMIUM

INFORMÁTICA APLICADA À EDUCAÇÃO

JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

 

 

 

 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Josué Geraldo Botura do Carmo

Novembro/2003

 Para as autoras um dos maiores motivos para o estudo da matemática na escola é desenvolver a habilidade de resolver problemas, que vai ajudar no desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático. As autoras acreditam que a resolução de problemas deva estar presente também na educação infantil, não só como forma de desenvolver habilidades, mas especialmente por possibilitar ao aluno a alegria de vencer obstáculos. Problema é toda situação que permite questionamento ou investigação. Essas situações-problema podem ser atividades planejadas, jogos, busca e seleção de informações, resolução de problemas convencionais ou não convencionais, o importante é despertar na criança a necessidade de buscar uma solução com os recursos de que ela dispõe no momento.A criança levanta hipóteses, argumenta e avalia a adequação de uma resposta e desenvolve atitudes de ouvir, de trabalhar de forma cooperativa e respeitar regras combinadas pelo grupo. A criança vai ampliando seu conceito de problema e a capacidade de problematizar. A resolução de problemas vai trabalhar não só com os conteúdos conceituais, mas também com os conteúdos procedimentais e atitudinais. Para as autoras é importante também desenvolver o processo metacognitivo, ou seja que a criança saiba formular o caminho que percorreu para chegar a determinada resposta, e é importante que a criança perceba que há várias maneiras de se revolver um mesmo problema. E mesmo antes de saber ler e escrever a criança já é capaz de ouvir, falar, compreender e pensar, e portanto de resolver problemas.

 

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Ignez e CÂNDIDO, Patrícia. Resolução de problemas: matemática de 0 a 6 anos. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.p.13-23.

 UM POUCO DE PERRENOUD 

Josué Geraldo Botura do Carmo

Julho/2003

PERRENOUD (2000) inicia seu texto dizendo que para que o aluno progrida é preciso colocá-lo em situação de aprendizagem, situação que tenha sentido para ele, que o envolva e o mobilize e também que o solicite em sua “zona de desenvolvimento proximal”.[1] Contudo para o autor isso é difícil devido ao número de alunos em uma sala de aula, alunos  estes que:

·        não têm o mesmo nível de desenvolvimento;

·        não possuem os mesmos conhecimentos prévios;

·        não têm a mesma relação com o saber;

·        não possuem os mesmos interesses;

·        não possuem os mesmos recursos;

·        não têm a mesma maneira de aprender.

Em síntese: trabalhamos com uma diversidade de alunos, cada qual no seu nível de desenvolvimento, cada qual com seus conhecimentos prévios específicos, cada qual com uma relação diferente com o saber, com interesses diferentes, com recursos diferentes, e com maneiras de aprender diferentes. Assim  é uma turma em uma sala de aula.

O professor então pergunta: como posso colocar todos esses alunos juntos em situação de aprendizagem, com sentido para cada um deles, que os envolva e os mobilize para o saber, atendendo à “zona de desenvolvimento proximal” de cada um? 

Encarregar-se de cada aluno pessoalmente é impossível, e não é o que desejamos, diz o autor em estudo, pois não basta estar totalmente disponível para o aluno, é preciso compreender o motivo de suas dificuldades de aprendizagem e saber como superá-las. E além do mais, certas aprendizagens só ocorrem graças a interações sociais, por visar competências de comunicação, de coordenação, ou pelo fato da interação ser indispensável para provocar aprendizagens que passem por conflitos cognitivos ou que exijam formas de cooperação. 

Perrenoud vai propor então uma outra organização da estrutura escolar, começando por acabar com os níveis anuais, ampliar e criar novos espaços-tempos de formação, trabalhar mais com reagrupamentos de alunos, de tarefas, de dispositivos didáticos: as interações, as regulações, o ensino mútuo e as tecnologias da formação. Usando todos os recursos disponíveis, possibilitando que cada aprendiz vivencie, tão freqüentemente quanto possível, situações fecundas de aprendizagem. 

Para tal o autor vai analisar quatro aspectos importantes, sendo o primeiro deles a heterogeneidade: É preciso renunciarmos à idéia de formarmos turmas homogêneas, porque isso é impossível. O importante é a criação de dispositivos múltiplos: trabalhar com planos semanais, atribuir tarefas autocorretivas, empregar softwares interativos. Organizar o espaço em oficinas ou em cantos, para poder atender as diferenças. Além de métodos complementares, inventividade didática e organizacional. Tendo sempre claro de que não se tem modelo pronto e acabado. O segundo aspecto analisado pelo autor é a gestão de classe: para ele a organização em ciclos de aprendizagem plurianuais pode facilitar, mas ainda não é suficiente, é preciso que os professores deixem de trabalhar a portas fechadas, cada qual sozinho com sua turma. Precisamos aprender a trabalhar em espaços mais amplos, de forma cooperativa, em equipes.  Esta forma de trabalho vai exigir mais tempo do professor, mais recursos, mais imaginação, mais competência. O terceiro aspecto é o apoio integrado que significa encontrar recursos para atender alunos com certas dificuldades, dentro da estrutura organizacional, sem excluí-los do grupo. E o quarto e último aspecto seria a cooperação entre os alunos: primeiramente para o autor, o professor não precisa estar o tempo todo em todos os lugares. É preciso confiar na cooperação entre os alunos. Ora organizar os alunos em grupos e deixar que trabalhem sozinhos, com apoio de outros setores dentro da escola e mesmo com apoio das novas tecnologias, desenvolvendo nos alunos a autonomia e a responsabilidade para realizar suas tarefas, ora elegendo monitores entre os alunos mais velhos, ou mesmo deixando que eles formem grupos mutuamente, sem necessidade de monitor e desenvolvam tarefas cooperativas, através de vivências de conflitos sociocognitivos, favorecendo a evolução das representações, dos conhecimentos, dos métodos de cada um por meio do confronto com outras maneiras de ver e de agir. O desenvolvimento da cooperação passa por atitudes, regras, cultura da solidariedade, da tolerância, da reciprocidade.  

Para Perrenoud o primeiro passo para a aprendizagem é a motivação. Muitos alunos quase não têm projetos pessoais e é difícil propor-lhes um. É preciso:  

1.      Suscitar no aluno o desejo de aprender;

2.      Explicitar a relação com o saber e o sentido do trabalho escolar;

3.      Desenvolver no aluno a capacidade de auto-avaliação;

4.      Criar um conselho de alunos e negociar com eles diversos tipos de regras e de contratos;

5.      oferecer atividades opcionais de formação;

6.      Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno. 

O autor afirma que para isso o professor tem que ter um certo domínio dos fatores e dos mecanismos sociológicos, didáticos e psicológicos, além de habilidades no campo da transposição didática, das situações, das competências, do trabalho sobre a transferência dos conhecimentos. O professor precisa estar pronto a escutar os alunos, a ajudá-los a formular seu pensamento e ouvir suas declarações. Precisamos fazer da diversidade de atividades uma regra de nosso dia a dia. O professor precisa primeiro identificar os projetos pessoais existentes, valorizá-los e reforçá-los  de forma a encorajar o aluno, tendo em vista que este projeto não precisa necessariamente ser completo, coerente e estável.Os projetos são frágeis, nem sempre racionais, nem sempre justificáveis, mas são os verdadeiros motores de nossa ação, vai dizer Perrenoud.  

O que para mim fica da leitura desses textos é o sonho de uma escola com muitos espaços diversificados: salas ambientes para cada disciplina (informatizadas), biblioteca, sala de informática, laboratório de ciências, laboratório de matemática, ambientes de alfabetização, quadras de esporte, refeitórios e quantos espaços mais pudermos imaginar. Os alunos se organizariam em grupos de acordo com seus interesses de aprendizagem, montariam seus projetos multidisciplinares com a ajuda dos professores, escolhendo um tema, fazendo a delimitação desse tema, justificando a escolha do tema, elegendo objetivos, traçando um cronograma, fazendo levantamento de material necessário para a execução do projeto. E dessa forma o grupo poderia usar todos os ambientes da escola para sua pesquisa, fazendo levantamento bibliográfico, selecionando material, fazendo suas anotações, levantando hipóteses, e esse grupo teria um contato com o professor que iria orientando a sua pesquisa, indicando fontes, indicando outros professores da escola que poderia orientar melhor certos aspectos da pesquisa, questionando certos pontos levantados pelo grupo. Seriam vários grupos, espalhados pela escola, cada qual trabalhando dentro de seus interesses, de forma cooperativa, enquanto alguns elementos do grupo estão na biblioteca, outros estão na sala de informática, outros vão ao laboratório de ciências, todos trabalhando dentro dos objetivos da pesquisa, se encontrando com outros grupos e interagindo-se. Estes alunos se encontram, trocam idéias, levantam hipóteses, e retornam ao professor orientador com o resultado da pesquisa. Uma vez pronto o trabalho, o grupo entrega o resultado final escrito ao professor e fazem uma explanação pública dos resultados obtidos, contando o caminho que percorreram para a elaboração do trabalho, as questões levantadas e as respostas obtidas. Isso seria preparar o aluno para o fazer científico, principal função da escola, no meu entender, preocupando-nos menos com conteúdos e mais com a formação de conceitos, que se adquire durante a produção. Dessa forma estaríamos  “possibilitando que cada aprendiz vivencie, tão freqüentemente quanto possível, situações fecundas de aprendizagem”. Desenvolvendo nos alunos a autonomia e a responsabilidade para realizar suas tarefas. E respeitando o tempo de cada um. 

São alunos com diferentes níveis de desenvolvimento, com diferentes conhecimentos prévios, com diferentes relações com o saber, com interesses diversos, com recursos diversos, com diferentes maneiras de aprender, em momentos de interatividade, agindo de forma coletiva e cooperativa. E a informática vai poder contribuir e muito para esse processo de desenvolvimento dessa nova escola. Uma escola motivadora e capaz de trabalhar com a diversidade. 

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 

PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar: convite à viagem. Tadução de Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Editora, 2000. p.55-77.


 

[1] Termo usado por Vygotsky.

 

UM POUCO DE EMÍLIA FERREIRO

 Josué Geraldo Botura do Carmo

Julho/2003 

Para Emília Ferreiro [1986] o desenvolvimento da leitura e da escrita começa muito antes da escolarização. Desde que nascemos somos construtores de conhecimento, no esforço de compreendermos o mundo que nos rodeia. Levantamos problemas muito difíceis e abstratos e procuramos descobrir respostas para eles. Construímos objetos complexos de conhecimento, e o sistema de escrita é um desses objetos complexos que construímos. A autora estabelece duas distinções: 

            1. Problema epistemológico fundamental - que estabelece uma distinção entre a construção de um objeto de conhecimento e a maneira pela qual fragmentos de informação são ou não incorporados como conhecimento. As crianças do meio urbano estão em contato com o material escrito e com ações sociais vinculadas a esse tipo de material. Ela afirma que “a construção de um objeto de conhecimento implica muito mais que mera coleção de informações. Implica a construção de um esquema conceitual que permite interpretar dados prévios e novos dados (isto é, que possa receber informação e transformá-la em conhecimento)...”. 

            2. Distinção entre métodos ou procedimentos de ensino e o processo de aprendizagem – A autora vai afirmar que “há uma série de passos ordenados antes que a criança compreenda a natureza de nosso sistema alfabético de escrita e que cada passo caracteriza-se por esquemas conceituais específicos, cujo desenvolvimento e transformação constituem nosso principal objeto de estudo”. “... as crianças levam em conta parte da informação dada, e introduzem sempre, ao mesmo tempo, algo de pessoal”. É um processo construtivo, daí ser difícil julgar o nível conceitual de uma criança, considerando unicamente os resultados, sem levar em conta o processo de construção. Só a consideração conjunta do resultado e do processo permite-nos estabelecer interpretações significativas.  

Emília vai distinguir três tipos de materiais para facilitar as ações de alfabetização: 

1.      Propostas pedagógicas atualizadas que nos auxiliam a pensar ou repensar nossa prática pedagógica. (para o professor) 

2.      Livros, Jornais, revistas, textos diversos, folhetos, embalagens, rótulos, etc., para manipulação dos alunos. 

3.      Materiais para alfabetizar – na opinião da autora para alfabetizar é preciso disponibilizar  acesso à língua escrita, assim como para aprender a falar é necessário ter acesso à língua oral. É um material para permitir que as crianças aprendam. Um material que permita a interatividade.  

O processo de aquisição da leitura e da escrita se dá oferecendo oportunidades de ver outros escrevendo e lendo, explorando semelhanças e diferenças entre textos escritos, explorando o espaço gráfico e distinguindo entre desenho e escrita, perguntando e sendo respondido, tentando copiar uma escrita ou construindo uma escrita. O objeto tem que estar presente para que possamos elaborar conhecimentos sobre esse objeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRO, Emília. Alfabetização e Cultura Escrita. Revista Escola. Fala Mestre 9entrevista), Maio de 2003.P. 28-30.

FERREIRO, Emília. Com Todas as letras. Tradução de Maria Zilda da Cunha Lopes. São Paulo: Cortez:1992. P.32-43.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. Tradução de Horácio Gonzalez. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1986. P.64-85.