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EDUCAÇÃO & LITERATURA

 

A ARTE NA ESCOLA FUNDAMENTADA NA EDUCAÇÃO VISUAL E TECNOLÓGICA

Josué Geraldo Botura do Carmo*

Dezembro/2003

JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

 

 

 

Faremos uma análise da Educação Artística na escola fundamentada na educação visual e tecnológica a partir de três correntes de caráter globalizantes: a Educação pela Arte, a Educação em Design e a Educação Visual.

Na Educação pela Arte o desenvolvimento da criatividade e das capacidades de expressão e comunicação é visto como meta da formação do homem integral, em busca da realização pessoal através de atividades de expressão artística, instigando a imaginação, a espontaneidade e a expressão dos sentimentos, integrando todas as formas de arte: o movimento, a música, o drama, as artes plásticas, o cinema. Somos estimulados a tomar consciência das qualidades emocionais de nossas experiências e a exteriorizá-las por palavras, gestos, sons, grafismos, etc. Valorizamos nesta corrente o experimento de variadas técnicas e meios de expressão. E seremos encorajados a expressar livremente as nossas idéias e sentimentos. Nesse contexto o professor é um guia, não deve intervir no processo de criação, e sim estabelecer um diálogo e permitir que o outro construa o seu conceito de estética e de beleza.

A Educação em Design afirma que a aparência visual não é um acontecimento fortuito, mas sim o resultado de servir a uma determinada função e dar resposta a requisitos precisos. Assim devemos compreender a inter-relação entre o homem, a dimensão do seu ambiente e a qualidade de vida e imaginarmos que o mundo pode ser diferente do que é. O design é a capacidade de imaginar, com vistas a operar mudanças em lugares, produtos e comunicação, obtendo resultados socialmente desejáveis. Através de atividades de design desenvolvemos a capacidade de criar e criticar objetos, e de compreender melhor o meio em que vivemos e suas necessidades, desenvolvendo assim a capacidade de resolver problemas e tomar decisões. Essa corrente pretende indivíduos esclarecidos e atuantes, preparados para responder de maneira criativa e inovadora aos desafios de uma sociedade em transformação. É a construção do conhecimento através de experiências coletivas isenta de mística e de mitologia. Nesta corrente o professor é um membro da equipe, o que organiza a informação e orienta as atividades. Ajuda o aluno a refletir, fornecendo indicações sobre métodos de pesquisa e análise de situações, dentro das necessidades, interesses e processos de aprendizagem do aluno, porque nem todos aprendem ao mesmo tempo, nem da mesma maneira e nem pelas mesmas razões.

A Educação Visual vai propor a análise dos elementos visuais no meio envolvente, conferindo-lhes relevância como meio de comunicação. Visa a criação de uma linguagem visual para a expressão e a comunicação baseada na observação do ambiente.

Essa corrente acredita que o desenvolvimento da percepção visual, através da observação dos elementos que constituem o mundo natural e produzido pelo homem, vai propiciar o desenvolvimento da capacidade de saber ver. É através da percepção que chegamos ao conhecimento e à compreensão do meio envolvente e dos meios de comunicação. Parte do pressuposto de que para formularmos nossos próprios problemas temos primeiro que ter consciência dos conflitos, inconsistências e incongruências que existem na nossa própria percepção, assim como das coisas ilógicas que descobrimos quando tomamos consciência do mundo ao redor. O aluno seleciona os problemas e o professor o ajuda a organizá-los a partir do caos das impressões dos sentidos. Nesta corrente os problemas não se centram em fatores diretamente relacionados com a inter-relação dos elementos funcionais, mas sim com os elementos visuais.

 “A arte não está presente em todas as coisas, mas pode existir em qualquer lugar e em variadas formas; a questão está em descobri-la. Os alunos aprenderão a pesquisar, a olhar à sua volta, tendo em conta os vários aspectos do mundo que os rodeia: num despertar da curiosidade que os leve à descoberta e à formulação dos seus próprios problemas.” (Rocha)

O importante é que os alunos descubram coisas por si próprios e formulem os seus problemas. Podemos partilhar com os alunos os nossos momentos de inspiração e nossas descobertas e podemos dizer-lhes o que procurar e para onde olhar. O professor deve procurar que o aluno desenvolva competências, que lhe permita não só resolver problemas que lhe são apresentados, mas que possibilitem formular os próprios problemas, dando possibilidade aos alunos de construir o próprio conhecimento, como “arquitetos da sua própria educação”  como diria Eisner[1]

Para a autora a experiência artística é um meio privilegiado de articular a inteligência, o imaginário, o simbólico, o real, a sensibilidade e a cultura.  Os métodos complementam-se e enriquecem-se reciprocamente.

 * Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2º grau. Professo Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO - MEC - NTE MG2.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

Rocha, Margarida. Educação em Arte: conceitos e fundamentos. Escola Superior de Educação de Setúbal,  Portugal.

 <www.apevt.pt>

Acessado em 8/12/2003

 

[1] Eisner, E. (1987) - "The Role of Discipline-Based Art Education in America’s Schools" in Art Education, 5: pp. 6-45