EDUCAÇÃO & LITERATURA |
DISLEXIA Josué Geraldo Botura do Carmo[1] Janeiro/2004 |
|||||||||||||||||
JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO
|
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD) a dislexia vem a ser “um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração”. É uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico, não é resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. É uma dificuldade acentuada que ocorre no processo de leitura, escrita e ortografia. É um distúrbio e não uma doença, que se torna evidente na época da alfabetização. Apesar de instrução convencional, inteligência adequada e oportunidade sócio cultural e sem distúrbios cognitivos fundamentais, a criança falha no processo da aquisição da linguagem. A dislexia independe de causas intelectuais, emocionais e culturais. É o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Cerca de 10 a 15% da população mundial é disléxica. São sintomas da dislexia: Na pré-escola - Imaturidade no trato
com outras crianças. Na idade escolar: - Dificuldade na
aquisição e automação da leitura e escrita. Contudo o disléxico tem grande desempenho em provas orais, é capaz de contornar as dificuldades e de responder bem a tudo que passa para o concreto, ele assimila muito bem tudo que é vivenciado concretamente. Tudo o que envolve os sentidos é mais facilmente absorvido. O disléxico tem uma dificuldade, não uma impossibilidade. Devidamente acompanhado ele vai paulatinamente superando ou contornando suas dificuldades. A principal característica dos disléxicos é a dificuldade da relação entre a letra e o som (fonema-grafema), talvez o método fônico possa ajudar. Devemos também treinar a memória imediata, a percepção visual e auditiva. E é importante se utilizar ao máximo todos os sentidos, como ler e ouvir enquanto se escreve. O fato de se apresentar alguns desses sintomas não
indica necessariamente caso de deslexia, há outros fatores a serem
observados, e diagnosticados por uma equipe multidisciplinar. Se não
houver um acompanhamento adequado os sintomas persistirão na fase adulta,
com prejuízos emocionais e sociais. Precisamos ter o cuidado de antes haver uma averiguação se não é caso de lesão, síndrome, ou mesmo um simples problema de vista ou de audição. Precisamos verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. Para Shirley R. Batil leitura lenta é um traço de dislexia que freqüentemente persiste até a idade adulta. A leitura oral repetida, 15 minutos durante o dia escolar, pode ser um método eficiente para desenvolver a fluência da leitura. Deve-se escolher uma hora em que o estudante esteja bem relaxado e alerta.
Para a referida autora o ato de ler não depende somente da segmentação fonêmica (reconhecer sons e símbolos). A segmentação fonêmica é necessária, mas não é suficiente para formar um bom leitor. A criança além de descobrir que uma palavra é composta por sons significantes precisa também aprender a identificá-los, e acima de tudo para adquirir a habilidade da leitura e da escrita precisa automatizar essa função e desenvolver a capacidade de síntese, que é a interpretação. Quando há dislexia a leitura lenta, trabalhosa e individual de palavras impede o desenvolvimento da habilidade da criança, adolescente ou adulto de compreender o que leu ou escreveu, ainda que a sua capacidade de compreensão da língua falada seja adequada. Para a autora os métodos de alfabetização como o Global facilita a identificação mais rápida da dislexia. Os métodos sintéticos e fônicos permitem que alguns casos passem mais tempo desapercebidos. E ela afirma que o sucesso na reeducação de um disléxico está baseado numa terapia multisensorial que significa aprender pelo uso de todos os sentidos, ou seja, combinando visão, audição, e tato para ajudá-lo a ler e soletrar corretamente as palavras.
Segundo a autora as escolas mais modernas e os teóricos mais atualizados em lingüística afirmam que o fenômeno da linguagem escrita não é a transição da linguagem oral. Ela tem suas próprias seqüências e deve ser adquirida como uma nova linguagem; antes de tudo, com aspectos semânticos enfatizados e não como simples decodificação e codificação, que requerem síntese e análise visual e auditiva, assim como discriminação temporo-espacial. Áurea Maria Stavale Gonçalves vai dizer que a criança
disléxica é considerada pelos professores, antes do diagnóstico como
desatentas, para os pais elas são preguiçosas e o aluno acaba por se
considerar “burro”. Preguiçoso, desligado, desorganizado são adjetivos que
costumam acompanhar o disléxico. Vive assim vítima de múltiplos insucessos
e com sua auto-estima bastante rebaixada, com dificuldade de leitura e
escrita, letra ruim, troca de letras, lentidão. Os disléxicos geralmente
têm uma inteligência acima da média, enxergam bem, ouvem bem, expressam-se
com fluência oralmente e seu padrão escolar não combina com seu padrão
geral de atuação.
ABD - Associação Brasileira de Dislexia <http://www.dislexia.org.br/dislexia.htm> <http://www.dislexia.org.br/perguntaserespostas.htm> <http://www.dislexia.org.br/dislexosfamosos.htm> . <http://www.dislexia.org.br/estudosc_1.htm> GONÇALVES**, Áurea Maria Stavale. A criança disléxica e a clínica psicopedagógica. <http://www.dislexia.org.br/artigos_4.htm> NICO, Maria Angela Nogueira*. Dislexia. <http://www.dislexia.org.br/artigos_3.htm> NICO, Maria Angela Nogueira. Métodos de alfabetização e a dislexia. <http://www.dislexia.org.br/artigos_2.htm>
**Psicóloga e Psicopedagoga, Profissional Voluntária do CAE [1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1. e 2. graus e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2. grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO - MEC - NTE - MG-2
|