EDUCAÇÃO & LITERATURA
JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO |
O USO DA INTERNET NA ESCOLA Josué Geraldo Botura do Carmo[1] abril/2004 |
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A quantidade de informação e de conhecimento humano é cada vez maior e acontece de maneira cada vez mais acelerada. Para isso, devido a necessidade de estocagem dessa “memória global”, é construído o computador e é criada a Internet que é uma rede mundial de computadores interligados. Esses bancos de dados dão acesso ao seu conteúdo em poucos segundos, através de buscas estruturadas: com informações, indicação das fontes dessas informações, e até mesmo a fonte em sua íntegra. Podemos encontrar informações de praticamente todas as áreas do conhecimento e atividade humana: desde receitas culinárias até os assuntos mais avançados na área das ciências. Com um simples acesso a um site de busca, em poucos instantes teremos todas as ofertas relacionadas com o assunto desejado. Através do hipertexto, acessamos dados, descobrimos fatos e fazemos relações, ou seja, processamos a informação, relacionamos essa informação com outras e as ordenamos, construindo nossos conceitos e formando nossa opinião. Na década de 90 do século passado já existia uma média de 300.000 revistas científicas e técnicas no mundo, o que equivale a aproximadamente 10 milhões de ensaios e artigos por ano. Mais de mil livros eram publicados por ano, sendo que um terço deles nas línguas inglesa, alemã e francesa. Só os pesquisadores publicavam nessa época uma média de 7.000 trabalhos por dia e oitocentas mil patentes eram registradas por ano. A Internet é composta por redes científicas, comerciais, educacionais, empresariais, militares, policiais, etc. Podemos dizer que é o espaço mais democrático existente até hoje, com respeito a todos os cidadãos, independente de raça, gênero, idade, credos, tendências políticas ou filosóficas. Há espaço para todos, e todos recebem nela a mesma atenção e têm os mesmos direitos de participação. Todos se encontram nesse espaço virtual conhecendo opiniões e com direito a opinar. São donas de casa, empresários, profissionais, estudantes, guerrilheiros, ateus, religiosos, políticos de direita e de esquerda, filósofos e artistas. Basta ter oportunidade de acesso a um computador conectado à Internet para poder participar. Com um pouco de experiência na busca de banco de dados, os resultados são surpreendentes, e como cada página nos remete a outras páginas relacionadas por meio de links, cada busca nos conduz a um número grande de resultados em efeito de “bola de neve”. Foi no final da década de 60 do século passado que o Ministério da Defesa dos Estados Unidos da América encomendou uma ligação entre os computadores mais potentes e importantes da nação para que a comunicação de dados militares funcionasse mesmo depois de um ataque nuclear. E a solução foi um pacote simples e genial que em 1972 é aberto à comunidade científica com o nome de Internet. A princípio a Internet era utilizada somente por alguns institutos de pesquisa e poucos cientistas. Foi nas universidades que a Internet ganhou o papel de uma rede de comunicação planetária através do seu crescimento exponencial e suas convenções mundialmente estabelecidas. Em 1995 os provedores comerciais, no Brasil, garantem o acesso à Internet ao público em geral. Em 1996, a Internet já integrava mais de 40 milhões de usuários diretos em mais de 50 países. A Teoria de Sistemas tem uma analogia com os sistemas biológicos no que diz respeito ao processamento e estocagem de informações nas redes neuronais do nosso cérebro. Uma estrutura rigidamente caótica com controle descentralizado e cooperação de todas as partes, com flexibilidade e capacidade de adaptação a novas exigências, com rapidez e sem interromper o funcionamento atual. E é além de tudo uma comunicação pela imagem, que é a forma natural do pensamento. A Internet é a mídia mais aberta e descentralizada que dá oportunidade a pessoas e grupos de criarem revistas, emissoras de rádio ou de televisão, sem pedir licença ao Estado ou estar vinculados a setores econômicos tradicionais. Cada um pode nela dizer o que quer, conversar com quem desejar e oferecer os serviços que considerar conveniente. A preocupação com a distância geográfica deixa de existir. Temos que nos preocuparmos sim com a distância econômica entre ricos e pobres, para que todos tenham acesso a esse valioso espaço de diversidade cultural. É a máquina de escrever acoplada à televisão e ao telefone, uma integração do audiovisual, da hipermídia, do texto linkado, da narrativa e do cinema: escrita, fala e imagem a baixo custo, com rapidez, flexibilidade e interatividade. É o fenômeno da telemática: a fusão da informática com a telecomunicação. Propiciando um ambiente de interatividade, fragmentação, não linearidade e simultaneidade. São milhões de seres humanos atrás das telas e dos teclados: cientistas, professores, alunos, pais, mães, filhos, perguntando, respondendo, discutindo, trocando informações, dando dicas, opiniões, e divulgando informações, independente do tempo e do espaço. Temos 24 horas por dia e um espaço ilimitado de ação. A Internet representa hoje o ponto mais avançado da aplicação das novas tecnologias para fins educativos e não só no sentido de hard e software. Se o computador começa na educação de forma asquerosa, como a máquina de ensinar, dentro de uma visão behaviorista, numa perspectiva tecnicista, hoje é usado com grande sucesso dentro de uma perspectiva construcionista: dando possibilidade ao aprendiz de conectar e construir conhecimento de forma criativa e autônoma, de acordo com sua vivência de mundo, sem barreiras, medos ou inseguranças. A interligação mundial pela Internet abre novos caminhos para a atualização sistemática e eficaz da informática como instrumento de apoio à educação. Muitos são os recursos da Internet: além de ser um rico banco de dados mundial, servindo à pesquisa, com o serviço dos sites de busca que nos ajudam a encontrar o assunto desejado, temos o correio eletrônico (e-mail) para troca de mensagens e de arquivos eletrônicos. Em poucos segundos enviamos mensagens a qualquer parte do mundo onde existe Internet, de forma segura e barata, podendo mandar uma mesma mensagem a muitas pessoas ao mesmo tempo para qualquer parte do planeta, inclusive com imagens e sons. E onde o destinatário estiver, poderá receber a mensagem, em qualquer parte do mundo, desde que tenha um computador conectado à Internet. Nas salas de bate-papo (Chat) as pessoas se encontram num espaço virtual em tempo real para trocar idéias, namorar, trocar imagens, cada qual dentro do seu interesse. E navegamos de um endereço a outro através de links, dentro daquilo que nos convém. E a Internet é ainda a maior, a mais rápida e a mais econômica forma de publicação de textos, de imagens e de sons. Uma publicação feita nesse instante, em qualquer parte do mundo, pode ser lida nesse mesmo instante em qualquer parte do mundo. A Internet abre dimensões novas de contato e comunicação adicionais, além das limitações impostas por tempo e espaço, que não seriam possíveis física e financeiramente, sem ela. Ela nos propicia participar do mundo da informação e comunicação mundial. O uso produtivo da Internet para fins educativos é quase tão infinito quanto às ramificações da própria rede e encontra seu limite apenas na imaginação dos professores e alunos que queiram tirar proveito dela. Todos os setores da sociedade (economia, política, instituições públicas e privadas) colocam à disposição da rede suas contribuições que consideram relevantes, interessantes ou necessárias. E todo o material encontrado na Internet pode ser copiado para o computador para ser reutilizado em trabalhos e projetos. A Internet vai facilitar também a atualização e capacitação de profissionais e o autodidatismo, uma vez que disponibiliza toda a produção intelectual, e ainda tem a capacidade de reunir pessoas em um espaço virtual em uma mesma hora, sem grandes ônus. O profissional tem nesse espaço material atualizado na sua área, possibilidade de trocar idéias e participar de discussões dos assuntos de seu interesse. Assim é que vai sendo construída a “inteligência coletiva” de que nos fala Pierre Lévy. Estamos nos atualizando sempre e com possibilidades de participar de forma efetiva dessa atualização. Muito ela poderá fazer para facilitar a pesquisa individual e coletiva e o intercâmbio entre professores, alunos, e alunos e professores, propiciando a troca de experiências, de dúvidas e de materiais entre pessoas de diversas partes do planeta, conhecidas ou não. Cada um segue no seu ritmo e nos seus interesses. Todos navegam descobrindo novos endereços e divulgando suas descobertas, possibilitando dessa forma um ensino e uma aprendizagem dentro de processos mais abertos, flexíveis, inovadores e contínuos. Sem dúvida ela trará para a escola recursos didáticos e pedagógicos e a possibilidade da individualização do ensino. Assim a escola tem hoje que se preocupar com a educação para a informática, para que os alunos conheçam a nova linguagem que está sendo construída e que é uma linguagem universal, através do conhecimento e do uso das ferramentas disponíveis e das terminologias usadas. E isso tudo só terá sentido se soubermos aproveitar dos recursos da informática para facilitar a construção do conhecimento, que é a educação pela informática. Além dos recursos didáticos e pedagógicos, com possibilidades interdisciplinares, a Internet ainda poderá contribuir com o setor administrativo, na divulgação de calendários, planejamentos, eventos, notas, etc., agilizando a comunicação entre os professores, entre os alunos, e entre os professores e alunos. E há ainda a possibilidade de se criar cursos on-line. Ao professor cabe a tarefa de coordenar o processo ensino aprendizagem, ajudando os alunos na concentração dos objetivos da pesquisa e na filtragem das mesmas para que sejam selecionadas as informações mais relevantes. Devemos desenvolver a capacidade de analisar a veracidade e o cunho ideológico de cada informação. O professor acompanha cada aluno, incentiva-o a resolver suas dúvidas e a divulgar suas descobertas, socializando, discutindo e comparando resultados. O professor dá dicas, tira dúvidas, anota descobertas, complementa e questiona essas descobertas. Os trabalhos podem ser entregues em disquetes que além da economia de papel e tinta e do volume a ser transportado pelo professor, ele prima pela qualidade da apresentação do trabalho. Assim o professor faz a correção e observações ao aluno no próprio disquete e dá um retorno ao aluno para que este possa fazer as devidas alterações no trabalho, quando achar necessário. Nesse processo é muito importante o respeito ao ritmo de cada aluno, suas formas pessoais de navegação, para poder sugerir, incentivar, questionar e aprender com o aluno. E é importante estarmos atentos para os nossos próprios ritmos para que possamos construir o nosso próprio modelo de trabalhar usando os recursos da Internet. Uma das maiores virtudes da Internet é que ela não tem dono e nem central, ela vive de todos e para todos que dela participam.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICACARMO, Josué Geraldo Botura do. A utilização da Internet na educação. 2001. <http://planeta.terra.com.br/educacao/josue> Acessado em 24/4/2004 CARMO, Josué Geraldo Botura do. O uso da Internet como apoio para cursos presenciais. 2001. <http://planeta.terra.com.br/educacao/josue> Acessado em 24/4/2004 CARMO, Josué Geraldo Botura do. O uso da Internet para fins educativos. 2001. <http://planeta.terra.com.br/educacao/josue> Acessado em 24/4/2004 MORAN[2], José Manuel. Desafios da Internet para o Professor. Revista Ciência da Informação, Vol 26, n.2, maio-agosto 1997, pág. 146-153. MORAES[3], Sergio Garrido WEININGER[4],
Markus J. VIIIº ENDIPE (Encontro Nacional de Didática e Prática do
Ensino), dia 7 a 10 de maio de 1996, na UFSC, Florianópolis, SC. [1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º grau e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2° grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO - MEC - NETMG2.
[2]
jmmoran@usp.br [3] Universidade Anhembi Morumbi. e-mail: sgmoraes@ruralsp.com.br
[4]
Professor de
Alemão/UFPR, Doutorando em Lingüística Aplicada/UFSC e-mail:
maus@humanas.ufpr.br |