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EDUCAÇÃO & LITERATURA

 

JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

 

MAPAS CONCEITUAIS: A REPRESENTAÇÃO

DO CONHECIMENTO EM REDES

 (SISTEMA DE AUTORIA)

 Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

Setembro/2004


 

 

 

 

Ao escrever este texto eu parto do princípio de que não existem nem professores e nem alunos, nem mestres e nem discípulos, existem sim pessoas construtoras de conhecimento e que um pode auxiliar o outro em determinados aspectos e é preciso estar atento aos processos de construção do conhecimento de todos para podermos melhor aprender com todos e desta forma podermos melhor construir os nossos conhecimentos através da elaboração de conceitos, a partir da vivência e dos conhecimentos prévios de cada um, de forma autônoma e com flexibilidade. Pois acredito que só há construção de conhecimento em um ambiente livre de professores e alunos, mestres e discípulos. Pois a construção do conhecimento acontece num ambiente onde seja possível as relações interpessoais, onde seja possível conhecer as nossas necessidades e possibilidades, podermos testar nossos conhecimentos prévios, e deixar transparecer nossos desejos. A aprendizagem acontece em um espaço onde não existem nem superiores e nem inferiores, em um plano onde todos são iguais.

A técnica de Mapas Conceituais foi desenvolvida por Joseph D. Novak na Universidade de Cornell em 1960. Este trabalho foi baseado na teoria de David Ausubel que defende a importância do conhecimento prévio para ser capaz de aprender novos conceitos. Os Mapas Conceituais são representações gráficas como diagramas, indicando relações entre conceitos ligados por palavras e representam uma estrutura que vai de conceitos mais abrangentes a outros menos inclusivos. É um recurso usado para a representação do conhecimento. Eles se constituem em uma rede de nós ou links representando conceitos ou objetos conectados por ligações com descritores das relações entre pares e nós.

São representações espaciais dos conceitos e suas relações. A atenção visual é orientada e dirigida de um conceito a outro, seletivamente. Representa, simultaneamente, o processo de organização do conhecimento, através das relações (links) e o produto que são os conceitos (nós). É uma interação entre os objetos e os códigos, além da relação entre o lingüístico e o visual. É um sistema de auto-organização, semelhante às redes neurais. A noção de conhecimento desempenha um papel central na aprendizagem. Os conhecimentos que temos sobre os seres e as coisas constituem-se sob a forma de conceitos, que podem organizar-se de diferentes formas. A aprendizagem com mapas conceituais tem como ponto de partida o conhecimento prévio que temos sobre determinado assunto.

Essa técnica tem como base a teoria construtivista, entendendo que o indivíduo constrói o seu conhecimento e seus significados a partir de sua predisposição para realizar esta construção. Esses mapas podem ser usados para resolver problemas, planejar o estudo ou desenvolver projetos, nos permitindo ir ampliando a rede de conhecimento à medida que passamos a conhecer mais sobre determinado assunto. Esses mapas nos permitem analisar como foi o processo mental que utilizamos para construir determinado conceito.

Ao dispormos sob a forma gráfica de um mapa conceitual os conceitos conhecidos, relacionando esta noção inicial com outras também já conhecidas, organizamos nosso conhecimento de maneira autônoma, retificando nosso próprio conhecimento em função da construção do mapa que vai nos possibilitar desenvolver um processo cognitivo de aprendizagem em que nos orientamos através de nossos conhecimentos prévios, por meio de levantamento de hipóteses. A representação desse conhecimento em rede vai facilitar a apreensão do conhecimento, pois a memória humana reconhece e retém mais rapidamente os exemplares prototípicos, respondendo de maneira mais satisfatória às expectativas de realidade dos leitores, facilitando o processo mental da compreensão. A rede simula aspectos típicos da cognição humana de forma flexível na modelagem de fenômenos cognitivos que é a capacidade da rede de sempre completar os conceitos descritos através da associação de novas propriedades aos conceitos básicos.

O trabalho com mapas conceituais nos permite desenvolver habilidades de cooperação, colaboração e autonomia, a partir do momento em que acompanhamos através deste o esquema mental de outros, podendo interferir nesses esquemas que podem ser modificados ou não, após análise, podendo dessa forma servir para a construção de um mapa coletivo, respeitando o estilo de construção do conhecimento de cada um. Essa técnica nos permite participar do processo de construção de nosso conhecimento no nosso ritmo e de acordo com nossos interesses, nos dando a possibilidade revermos os conceitos quantas vezes forem necessárias, enriquecendo e complementando o conceito inicial. Dessa forma estamos trabalhando a coerência, a coesão, a expressão, a criatividade e a lógica. É, portanto, dessa forma que a partir de esquemas mentais, forjados pela cultura, produzimos nossos conceitos. A partir de protótipos (objetos) criamos estereótipos (representação mental do objeto). É importante ressaltar ainda que o trabalho com mapas conceituais é um trabalho interdisciplinar. E serve para descrever e comunicar conceitos.

Os mapas conceituais são uma extensão do projeto de trabalho, em que planejamos e organizamos nossas idéias rumo a um objetivo, estabelecendo sempre inter-relações das áreas de conhecimento, imprescindível nos dias de hoje em que a descoberta e as garantias de novas descobertas é que nos proporcionam os verdadeiros espaços de aprendizagem e desenvolvimento. O trabalho com mapas conceituais nos permite a apropriação do conhecimento, por elaboração pessoal, obtida a partir de conceitos pré-existentes em nossa estrutura cognitiva, que vão se modelando e se aprimorando por diferenciação progressiva e/ou reconciliação integrativa. Dessa forma nos possibilita alcançarmos mudanças conceituais a partir da valorização de nossas aprendizagens anteriores, ajudando-nos a reinterpretar conhecimentos prévios e dando oportunidade ao crescimento individual e coletivo.

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 

AMORETTI*, Maria Suzana Marc. Protótipos e estereótipos: aprendizagem de conceito. Mapas Conceituais: experiência em Educação a Distância. PGIE-UFRGS Informática na Educação: Teoria & Prática, V. 4 N° 2, Porto Alegre, Dezembro, 2001.

<www.rau-tu.unicamp.br/nou-rau/ead/document/?view=19>

Acessado em 25/09/2004

 

BAX, Marcello Peixoto**. SOUZA, Renato Rocha***  Uma proposta de uso de agentes e mapas conceituais para representação de conhecimentos altamente contextualizados.

<http://cubaeci.paradigma.com.br:8088/Bax/Publis/agentes>

Acessado em 25/09/2004.

 

CAMPOS, Gilda Helena B. de, Mapas conceituais e EAD

<http://www.timaster.com.br/revista/colunistas/ler_colunas_emp.asp?cod=730>

Acessado em 25/09/2004

 

COELHO, Marcos. Mapas conceituais.

<http://www.marcos.eti.br/ia010/mapas.shtml>

Acessado em 25/09/2004

 

GARRIDO, Susane Lopes. A construção de esquemas na perspectiva de mapas conceituais como ferramental para a aprendizagem****. UNISINOS – BRASIL. 2001. susanelg@terra.com.br

 

TAVARES*****,  Romero. LUNA******, Gil. Mapas conceituais: uma ferramenta pedagógica na consecução do currículo.

<www.emack.com.br/info/apostilas/nestor/mapas_conceituais.pdf>

Acessado em 25/09/2004

 

* Professora, doutora em Linguística, Semiótica e Ciências Cognitivas (Université de Limoges/França), professora convidada do Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação da UFRGS. suzana@pgie.ufrgs.br, http://www.pgie.ufrgs.br/~suzana

** Universidade Federal de Minas Gerais. Depto de Ciência da Informação R. Estácio de Sá, 911/501, Gutierrez Belo Horizonte, MG, 30430-010. bax@eb.ufmg.br

***Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – DataPuc. Av. Francisco Sales, 540, Floresta Belo Horizonte, MG, 30150-220 rsouza@pucminas.br

****Artigo publicado no II Simpósio de Educação superior- UNISINOS- 2001

Artigo selecionado para integrar o livro Educação Superior a ser publicado em agosto de 2002.

*****Departamento de Física −UFPB. www.fisica.ufpb.br/~romero

******Coordenação de Física −CEFET-PB gil-luna@bol.com.br

 

[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º grau e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2º grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO - MEC - NTE MG2