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EDUCAÇÃO & LITERATURA

 

JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

 

A LINGUAGEM DA PÓS-MODERNIDADE

Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

Novembro/2004


 

 

 

 

 

“a vida será mais bem vivida se não tiver um sentido único,

mas muitos sentidos diferentes. (...) precisamos de uma

história que nos eduque para a descontinuidade de um modo

como nunca se fez antes; pois a descontinuidade, a ruptura e

o caos são o nosso destino."

Hayden White[2]

 

A linguagem pós-moderna é uma experiência contemporânea a qual estamos vivendo e nos adaptando a ela que por sua vez se molda a nós. Essa revolução está acontecendo nas Ciências, na Literatura e na Arquitetura, etc. É uma linguagem rica em variáveis e possibilidades diante da diversidade cultural global, que descobrimos e estamos vivendo  neste momento. É uma avalanche de estilos que se apresentam de formas diferentes, sem totalitarismos e conseqüentemente sem hierarquias. Essa linguagem é um misto de arte, ciência e tecnologia. O técnico e o simbólico se encontram. A princípio essa linguagem assusta e por isso leva um tempo para que esse novo código seja aceito, mas pouco a pouco vai incorporando-se à “gramática”. É uma linguagem simplificada, pelo costume de se acumular cada vez mais informações, uma linguagem cada vez mais multimídia e transdisciplinar. Libertos dos modelos disciplinares da verdade, descobrimos que a solução dos problemas não se encontram nas experiências anteriores, e isso exige criatividade. Sabemos hoje que  a linguagem está no centro dos acontecimentos e que ela tem poder para conduzir os rumos da história, pois é ela que determina a identidade, a política e a sociedade. Daí a preocupação dos colonizadores em destruir a arquitetura e a língua dos colonizados. Hoje já somos capazes de valorizar a história de cada história que cada um conta. E essa história é contada de forma diferente por cada “historiador”, e todas elas têm seu cunho de verdade. O que importa portanto é saber analisar de que prisma aquele “historiador” observou aquela história.

O que marca esse momento é a revolução da microetrônica, a revolução científico-tecnológica, um mundo cada vez mais imprevisível, irressistível e incompreensível[3] pela velocidade com que avança. E nada se pode prever[4]. 

A revolução da pós-modernidade acontece devido a transformação das condições técnicas e sociais de comunicação dando chance a todos os grupos de falarem por si mesmo com sua própria voz, fazendo vir à tona os espaços incomensuráveis justapostos e superpostos uns aos outros. Desconstruindo a crença em uma totalidade unitária de mundo, com valores eternos e imutáveis, questionando o método como caminho seguro, a racionalidade, as certezas e as verdades universais.

Saussure[5] (1974, p. 15) vai dizer que não é o objeto que precede o ponto de vista e sim o ponto de vista que cria o objeto. Então podemos afirmar que a linguagem é que constrói a realidade. Fabricamos uma realidade e acreditamos vê-la com nossos olhos. “Somos o resultado dos discursos que nos constroem”. (FOUCAULT, 1995)[6]. A linguagem que usamos pra ler o mundo determina, em grande parte, a forma como pensamos e agimos, pois não existe uma realidade fora da linguagem e dos signos, estes são constitutivos da realidade.

As novas tecnologias da informação e da comunicação nos oferecem um sistema aberto e dinâmico, que se inserem conflituosamente nos processos culturais, e que se tornam dispositivos pelos quais percebemos o mundo, é um caminho repleto de bifurcações que poderão nos conduzir à emancipação, em prol do bem-estar da humanidade. Pelo menos é o que esperamos.

A linguagem da pós-modernidade é uma linguagem interdisciplinar em que os aspectos sociais, políticos, culturais, econômicos e tecnológicos entrelaçam-se através de informações, imagens, poder, ideologias, saberes e competências. Com o volume de informações somos obrigados a desenvolver habilidades de interpretação e questionamentos e isso nos faz desenvolver a capacidade de construir conhecimentos a partir dessas informações. Estabelecemos vínculos de confluência entre essas informações, articulando os saberes fragmentados. A interdisciplinaridade rompe com as fronteiras, tendo por base a mutabilidade, flexibilidade, o não linear e o respeito pelas diferenças, pois o processo de globalização, impulsionado pelas novas tecnologias da informação e da comunicação ao interligar o mundo confronta-se com diferentes ideologias, culturas e conceitos.

As novas tecnologias da informação e da comunicação derrubam as barreiras espaciais aproximando as distâncias e tornando o mundo menor a alta velocidade, alterando a nossa representação de mundo, pondo-nos em contato com outros costumes e outras maneiras de ver o mundo.


"Através de uma diversidade de práticas bem como de recursos conjugados da informática e da telecomunicação, os novos atores
[7] têm-se articulado independente das formas convencionais de organização política; expressando os novos problemas e necessidades de um mundo globalizado, lutando em defesa do meio ambiente, da qualidade de vida, dos direitos humanos, do respeito às diferenças, da paz, etc, revelando, em sua luta, a necessidade de articulação entre os objetivos econômico, social e ambiental, assim como a politização de todas as esferas da existência social e pessoal, as quais se tornam passíveis de questionamentos e mudanças a qualquer momento”. (SIQUEIRA, 1998) 

 

Segundo SIQUEIRA (2004), este momento atual está gerando profundas transformações nos modelos de se produzir conhecimento através da globalização, das redes de trabalho, das relações universidade-sociedade, das novas tecnologias da informação e da comunicação que afetam a ciência em seu compromisso com o progresso da sociedade e também no âmbito de sua essência, tornando-a mais aberta, dinâmica, questionadora e não mais dona da verdade, deixando de ser determinista e de trabalhar com enunciados rígidos. A flexibilidade vai permitir que o conhecimento de um dado fenômeno abranja uma multiplicidade de enunciados, inclusive incompatíveis entre si, que proporciona a geração de novas idéias impulsionando o processo criativo. Essa desdogmatização da ciência faz com que a reflexidade se torne algo comum tanto nas ciências sociais como nas ciência naturais

 

“Em seus aspectos produtivos, além de reflexiva, a ciência pós-moderna é interdisciplinar, não porque seja contrária à especialização (como erroneamente muitos entendem), mas sim porque respeita outros questionamentos e outras culturas, dialogando com todas as formas de conhecimento”. (SIQUEIRA 2004)
 

 

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

 

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Profissão Docente Online.

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TOURINHO[20], Berenice Costa. Erudição excepcional em Foucault.

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[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1° e 2° grau e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2° grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO-MEC - NTE-MG2

[2] WHITE, Hayden. The burden of History, History and Theory. 1966, p.56.

[3] SEVCENKO, Nicolau. A corrida para o século XXI: no loop da montanha russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

 [4] Quando a força do trovão ressoa nos céus/É sinal de que uma nova vida desperta./Imbuída neste estágio precoce/Das leis naturais do universo,/Faz com que o momento seguinte seja inesperado/Tudo pode acontecer. Poema inspirado no I Ching Hexagrama 25 Reinício. Josué Geraldo Botura do Carmo – http://planeta.terra.com.br/educacao/josue/index 132.htm

[5] SAUSSURE, F. de. Curso de Lingüística Geral, São Paulo, Cultrix, 1974.

[6] FOUCAULT. Uma trajetória filosófica. Para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.

[7] Mulheres, homossexuais e lésbicas, negros e minorias étnicas, ambientalistas, estudantes, etc., todos têm procurado resistir à cultura dominante.

[8] Aluna do Mestrado em Educação da Universidade de Uberaba.

[9] (UFRJ)

[10] Layo Fernando Barros de Carvalho é graduado em Publicidade e Propaganda pela Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como Publicitário e Professor de Comunicação Visual na Faculdade de Artes Visuais (UFG). layobarros@hotmail.com

[11] 5º Ano - História/USP. marco@klepsidra.net

[12] Transcrito dos Anais do VII Encontro Nacional de Tradução/I Encontro Internacional de Tradução - Universidade de São Paulo, 7 a 11 de setembro de 1998. rajan@iel.unicamp.br

[13] Mestre em Lingüística pela UFU. Doutorado em Lingüística pela Unesp/Araraquara. Professora do Instituto de Formação de Educadores da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba/Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho". ormezinda.ribeiro@uniube.br

[14] Artigo referente à conferência de mesmo título, proferida pelo autor na abertura do VII Simpósio Estadual de Economia Doméstica (tema: "Interdisciplinaridade no contexto universitário"), na UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão-PR, em 08/12/2003

[15] Este artigo se refere à palestra de mesmo título, ministrado em "Seminários Avançados: desenvolvimento rural e sustentabilidade" no Curso de Mestrado em Extensão Rural/UFSM em 22.05.2001.Também foi publicado na Revista "Extensão Rural" (Ano 8-Jan-Dez-2001-ISSN 1415-7802) do Departamento de Educação Agrícola e Extensão Rural, e Curso de Pós-Graduação em Extensão Rural (sob a Coordenação do Prof. Dr.João Armando Dessimon Machado)

[16] Professor Assistente. Depto de Sociologia e Política - UFSM

[17] Professora Titular Programa de Pós-graduação-Centro Educação-UFSM

[18] Este texto faz parte de um trabalho maior publicado em forma de "Caderno de Pesquisa" (n.o 68 - Setembro de 1995) pelo programa de pós-graduação em Educação da UFSM, sob o título: "Uma nova perspectiva sob a ótica da interdisciplinaridade".

[19] Artigo aprovado por mérito, na categoria Trabalho-Grupo 14-Sociologia da Educação, para a 21ª Reunião Anual da ANPEd- 1998. Publicado na Revista EDUCAÇÃO - Centro de Educação-Universidade Federal de Santa Maria-RS - V.22 - N.o 02 - 1998.

[20] Professora de Sociologia. kang@netlig.com.br