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DEPOIMENTO

Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

junho/2013

 

O objetivo desse depoimento é o de alertar a todos para uma questão que merece a atenção no intuito de se iniciar uma observação sistemática de casos, através de uma pesquisa pedagógica. Serão relatados aqui dois casos presenciados em uma mesma escola, que podem nos levar a questionamentos. E a pergunta que fica é a seguinte: os estudantes têm dificuldade de leitura na vida real ou somente na escola? Vamos aos relatos.

 

No ano de 2011, desenvolveu-se em uma escola pública no bairro de São Benedito, município de Santa Luzia – MG, um projeto intitulado Nosso Ambiente[2], com estudantes de 5º ano/9. O objetivo principal desse projeto foi o de se iniciar com a ajuda da comunidade um material que propiciasse o estudo do bairro em seus aspectos históricos e geográficos, devido a escassez de material existente tanto impresso quanto digital, por ocasião de estudos do bairro na escola. Uma das atividades desenvolvidas no projeto foi a criação de maquetes pelos estudantes. No dia da apresentação desse material, enquanto os estudantes organizavam suas maquetes e se posicionavam para serem fotografados, foram espontaneamente explicando o trabalho de maneira muito eficiente.  A diretora da escola chegou para ver o material e os estudantes continuaram a exposição. Mas quando a professora chegou e falou: “Agora expliquem o que vocês fizeram”, houve um travamento no discurso que antes fluía com muita naturalidade. Um momento de silêncio aconteceu, e por fim uma fala artificial e insegura.

 

Em 2013, nessa mesma escola, no laboratório de informática, dois estudantes de 5º ano/9 ao assistirem ao filme curta metragem O céu de Iracema[3], um filme de ficção de Iziane Figueiras Mascarenhas, de 2002, de 12 min., produzido no Ceará, foram naturalmente fazendo a leitura da mídia em voz alta, utilizando de seus conhecimentos prévios e fazendo inferências, confirmando ou refutando suas hipóteses, e tirando conclusões. A leitura fluiu. Em outro dia ao serem convidados a fazerem a leitura de uma imagem simples, por um professor, esses mesmos estudantes não foram capazes de ler.

Pergunta-se, portanto, o que acontece? E ficam aqui somente as perguntas, porque ainda não se tem uma resposta sistematizada. A única coisa que se pode afirmar é que é necessário observar mais os estudantes para perceber como eles constroem o conhecimento, do que se permanecer numa postura de constante avaliação do conhecimento, com o objetivo de se apontar erros.



[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º grau e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2º grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo Proinfo -  MEC. Especialista em Mídias na Educação.