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EDUCAÇÃO & LITERATURA

JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

 

A EDUCAÇÃO NA LUTA DE FRENTE CONTRA AS

EXCLUSÕES: PROMOÇÃO E INTEGRAÇÃO SOCIAL, COMO PRÁTICA EFETIVA

(DISCURSO ROMÂNTICO OU NECESSIDADE DE FATO?)

 Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

Maio/2002

 

 

 

Comumente temos ouvido falar que a sociedade industrial está dando lugar à sociedade da informação e da comunicação, que estamos vivendo a era do conhecimento, e que os países para desenvolverem-se economicamente precisam aplicar mais verbas na educação. Nessa nova sociedade as fontes de poder e riqueza vão depender da capacidade de geração de conhecimento e processamento de informação. Vemos os setores da informação e da comunicação em franco crescimento e expansão. O que representa de fato essa grande importância atribuída à educação? Por que o desenvolvimento econômico de um país hoje depende do grau de conhecimento de sua população? 

Para MANUEL CASTELLS (1999) mede-se hoje o nível de desenvolvimento de uma sociedade pelo seu grau de conexão. Portanto a  educação tem que estar voltada para a pedagogia dos multimeios, para a capacidade de manuseio de grande quantidade de informações, na leitura e escrita de hipertextos, indivíduos que saibam buscar, escolher e desfrutar este mundo. Precisamos repensar nossos investimentos, para que não fiquemos aplicando em projetos em vão, e desperdiçando recursos físicos e humanos, num momento em que o desperdício não pode mais acontecer, porque ele representa não só pouca riqueza, como também má qualidade de vida. Coisas que hoje sabemos que precisamos para viver bem: riqueza e boa qualidade de vida, além de outras, é claro, mas não há dúvida que estes dois aspectos são básicos. 

LÉVY (2000) vai dizer que a interconexão dos computadores do planeta, a que ele chama de ciberespaço, tende a tornar-se a principal infra-estrutura de produção, transação e gerenciamentos econômicos. Para ele será em breve o principal equipamento coletivo internacional da memória, pensamento e comunicação. Daí a necessidade de uma educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico, e para a diminuição das diferenças sociais e culturais, através da melhoria da qualidade do ato pedagógico e em investimentos em recursos informacionais, tendo em vista a importância econômica destas políticas. O importante é que as escolas estejam abertas para a incorporação de novos hábitos, comportamentos, percepções, demandas e tecnologias, cumprindo a sua função de contribuir para a formação de indivíduos capazes de exercer plenamente a sua cidadania, participando dos processos de transformação e construção da realidade, produzindo mais e gerando mais riquezas. Não necessitamos mais de uma reserva de excluídos, como no capitalismo arcaico, precisamos sim de pessoas produtivas, e tecnologia de ponta não se faz com mão de obra desqualificada. 

FIGUEIREDO (1995) vai dizer que a educação tem que se adaptar às necessidades das sociedades, e que os desafios atuais são muitos tanto no campo social, cultural e econômico, antes mesmo que tecnológico. A escola precisa ser reinventada, mudar seu papel de ditadora de conteúdos. Sua preocupação no momento precisa ser o de dar suporte para a autonomia do aluno, é preciso ter em vista a formação de autodidatas. Uma educação interativa, colaborativa e cooperativa, numa construção coletiva do saber. Não podemos nos esquecer que a língua e a cultura são veículos extrafronteiras promotores da economia.  

Estamos habituados a ouvir os discursos oficiais apenas como discursos, a prática é outra, mas agora quando os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) apontam para a necessidade da educação se posicionar na luta de frente contra as exclusões, contribuindo para a promoção e integração social, como prática efetiva, é preciso levar a sério, porque quanto mais excluídos tivermos, mais pobres seremos. Se nossos dirigentes não conseguirem compreender este novo paradigma, não se efetivará as políticas públicas voltadas para a área do conhecimento: reformas da infra-estrutura física das escolas, redirecionamento dos objetivos educacionais e capacitação de professores; e não haverá como o Brasil produzir mais e com melhor qualidade, ficando à margem do mercado mundial.  

Portanto a educação precisa realmente, se for de interesse da população brasileira de sair deste estado de mendicância em que vivemos, de uma prática efetiva em seu dia a dia na luta de frente contra a exclusão, a favor da promoção e da integração social. Porque um país sem excluídos produz mais e é mais rico. Pessoas conscientes e participativas produzem mais, melhor, e geram mais riquezas, para o município, para o estado e para o país. Não é um pensamento romântico, é um pensamento realista e racional. E se a escola cumpriu tão bem o seu papel na exclusão social, ela terá também capacidade de promover a integração social.

  

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais

     terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais: MEC,

     1998,  21.

BRUSQUE. Projeto Político Pedagógico de Informática Aplicada à Educação da Rede Municipal de Ensino

     de Brusque – SC e-mail: prefeitura@brusque.sc.gov.br Praça das Bandeiras, 77, Centro. CEP: 88.350-050

     – Brusque – SC Fone: (0xx47) 251 – 1833

CASTELLS, Manuel. Folha de São Paulo – Folha Mais! – São Paulo, 23 de Maio de 1999.

_____________O Estado de S. Paulo – São Paulo 17 de outubro de 1999.

FIGUEIREDO, A. Dias de. O Futuro da Educação perante as Novas Tecnologias. Departamento de Enge

     nharia Informática Universidade de Coimbra.Resposta, enviada por correio electrónico, às perguntas da

     jornalista Paula Banza, da revista Forum Estudante. Só parcialmente reproduzida na revista.Coimbra,

  5 de Novembro, 1995.

LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2000. p.167

PRETTO, Nelson. Educação e inovação tecnológica: um olhar sobre as políticas públicas brasileiras. Texto  

     produzido a partir das pesquisas do autor Educação e Novo milênio: as novas tecnologias da comunica

     ção e informação e a educação e Tecnologias da Comunicação e Educação durante o pós-doutoramento

     do autor no Centre for Cultural Studies/Goldmiths College

 

[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2º grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO – MEC – NTE MG2.