EDUCAÇÃO & LITERATURA JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO |
SOBRE A QUALIDADE DOS CURSOS PRESENCIAIS E NÃO-PRESENCIAIS Josué Geraldo Botura do Carmo[1] Abril/2002 |
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Moran vai dizer que um bom curso é aquele que nos empolga, nos surpreende, nos faz pensar, nos envolve ativamente, traz contribuições significativas e nos põe em contato com pessoas, experiências e idéias interessantes. Depende de um conjunto de fatores previsíveis e de uma “química”, uma forma de juntar os ingredientes. É preciso para um bom curso que tenhamos educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar, que atraia pelas suas idéias e pelo contato pessoal. Enfim, que surpreenda nas relações que estabelece: na forma de olhar, de comunicar-se e de agir. Vai depender também dos alunos: que sejam curiosos, motivados, que facilitem o processo, estimulem as melhores qualidades do professor e tornem-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-educador. Depende ainda que se tenha administradores, diretores e coordenadores mais abertos, capazes de atender todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro. Que apóiem os professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e humano, em prol de um ambiente de inovação, intercâmbio e comunicação. E finalmente, precisamos para desenvolver um bom curso de ambientes ricos de aprendizagem, com uma boa infraestrutura física: salas, tecnologias, bibliotecas, laboratórios, etc. Porque a aprendizagem não se faz somente na sala de aula, mas em diversos espaços de encontro, de pesquisa e de produção. Um dos grandes problemas em educação a distância, para o autor, é o ambiente reduzido ainda a um lugar onde se procuram textos, conteúdo. E para ele um bom curso é mais do que conteúdo: é pesquisa, troca, produção conjunta. É preciso na educação a distância de materiais mais elaborados, mais auto-explicativos, com mais desdobramentos (links, textos de apoio, glossário, atividades...), capazes de suprir a menor disponibilidade ao vivo do professor. Moran vai dizer que para isso necessitamos de uma equipe interdisciplinar composta por pessoas da área técnica e pedagógica, que saibam trabalhar juntas, cumprir prazos e dar contribuições significativas. Porque é necessária uma boa interação entre todos os participantes do curso, do estabelecimento de vínculos e de fomentar ações de intercâmbio.
É preciso um planejamento bem elaborado, mas sem rigidez excessiva, flexível, com liberdade e criatividade. E para se avançar é preciso adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado. Fazendo do curso uma comunidade viva de investigação, com atividades de pesquisa e de comunicação. A flexibilidade é que vai permitir a adaptação às diferenças individuais, respeitando os diversos ritmos de aprendizagem, integrando as diferenças locais e os contextos culturais. A organização vai nos permitir gerenciar as divergências, os tempos, os conteúdos, os custos, estabelecendo os parâmetros fundamentais. Há de se respeitar ainda as diferenças de estilo de professores e alunos. São processos de ensino-aprendizagem personalizados, sem descuidar do coletivo. O professor tem a liberdade de aplicar o seu estilo pessoal de dar aula, sentindo-se confortável para conseguir realizar melhor seus objetivos, com avaliação contínua, aberta e coerente.
Para
Moran um curso tanto presencial como a distância será sempre caro, pois
envolve qualidade pedagógica e tecnológica. E para ele não se improvisa
qualidade, ela tem sempre um alto custo. Mas esse custo vale a pena,
porque só assim se pode avançar de verdade. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA O que é um bom curso a distância?
José Manuel Moran. [1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2º grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO - MEC |