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EDUCAÇÃO & LITERATURA

JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

  – tahopssoquedusiluminesuscamhno
paravocepudeajudaaspsoas.

e-mail enviado por Lucilane Souza, 42 anos,

moradora da Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo.

tradução:

Thiago, peço que Deus ilumine seu caminho para você poder ajudar as pessoas

 

 

 

 

 A REVOLUÇÃO DIGITAL

Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

Março/2002

“A ética do ser humano vive a desejar/No mundo real você merece outra revanche/Zona leste, Brasil, Cidade Tiradentes/Aproveite a mensagem e digite novamente/Segure o mouse, click/Digite as teclas, bug/Acesse o site cerebral/Insanidade virtual” (trecho do rap Interface virtual, criado por Franilson Batista, o Guru, e Gildean Pereira, o Paniquinho, do grupo Fator Ético, da Cidade Tiradentes).

Poucos são os que têm acesso à informática nos dias de hoje, contudo, segundo a “Isto É” crescem em todo o país os movimentos que incluem os pobres nessa revolução.

Segundo a revista, dos 173,8 milhões de brasileiros, 17 milhões têm contato com o computador e 13 milhões, cerca de 8% da população, usam a Internet.

Entramos no século XX conhecendo a luz elétrica e a telefonia. Hoje, segundo estudos do economista americano Jeremy Rifkin, feito para a Organização Internacional das Telecomunicações, quatro em cada dez habitantes do planeta vivem sem energia elétrica e 65% da população não conhece telefone. Os 24 países mais ricos do mundo possuem apenas 15% da população do planeta, contudo concentram 71% das linhas telefônicas e 88% dos usuários da Internet. No Brasil apenas 300 dos mais de cinco mil municípios possuem estrutura mínima para a instalação de serviços locais de acesso à rede mundial de computadores.

Apesar das dificuldades, a escalada digital chega com a promessa de uma revolução mais profunda do que a produzida por todos os avanços tecnológicos nos últimos 200 anos, trazendo à humanidade conforto, qualidade de vida e mudando a capacidade cognitiva do ser humano, suas habilidades para o aprender e ensinar, introduzindo uma outra forma de raciocínio e possibilidade de muita criatividade.

Há dessa forma mobilizações para o combate ao “apartheid” digital, como define Ricardo Baggio, idealizador da organização não governamental Comitê para a Democratização da Informática (CDI)[2]. O sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, professor da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero vai dizer que a alfabetização digital é o principal caminho para inclusão e deve ser tratada como política pública. A pessoa pode ser considerada alfabetizada no universo digital quando é capaz de selecionar informações na Web, processar dados, adquirir conhecimento e transmitir esses dados. Atualmente, filhos da classe média dos dez aos 14 anos são capazes de realizar essas tarefas. Segundo o sociólogo acima citado, o poder público deve montar telecentros, treinar instrutores e equipar escolas para que as populações carentes cheguem neste nível.

Amadeu da Silveira coordenador do Governo Eletrônico da Prefeitura de São Paulo, um dos projetos mais ambiciosos de inclusão digital em andamento no Brasil, que implantou nos últimos nove meses dez telecentros comunitários em algumas das regiões mais pobres da cidade. Cada telecentro conta com 20 computadores conectados à Internet. Outros 13 telecentros estão sendo instalados e tem-se uma previsão para que até o final do ano de 2004 quatrocentos pontos semelhantes a estes estejam implantados na cidade.

Amadeu da Silveira lançou recentemente o livro Exclusão Social: a miséria na era da informação em que ele aponta caminhos para a democratização do acesso à Internet. Ele diz que muitos teóricos imaginavam que a Internet por si só seria capaz de gerar a distribuição de renda e diminuir o abismo social. Os dados têm nos mostrado que a rede ajudou a concentrar renda. Para o professor se a elitização do acesso não for atacado a tempo, a Internet se consolidará como o mais fascinante e charmoso instrumento de concentração de renda.

O excluído digital é privado de um computador, uma linha telefônica e um provedor de acesso à Internet, o que fará desse indivíduo um analfabeto digital, pobre, lento, isolado, sem poder exercer o exercício da inteligência coletiva. Para Silveira a solução está na implantação de telecentros gratuitos, financiamento de computadores e uso maciço de softwares livres em universidades, escolas e instituições públicas. Para ele a Internet só será livre se a maioria dos programas aplicativos usados para acessá-la também for livre.

Karaí-Mirim, índio guarani, que vive em uma aldeia a 25 quilômetros de Agras dos Reis (RJ), define o computador como uma “caixa de memória” e pretende usar a máquina para perpetuar a história de seu povo. O mapa da aldeia já está devidamente registrado.

Os pais também têm se preocupado com a inclusão digital de seus filhos, adquirindo computadores.

Tudo indica que ocorrerá uma explosão nacional de demananda por equipamentos e serviços de informática.

  

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

ISTO É. Navegar é preciso. Edição 1694 – Ciência e Tecnologia, 15/03/2002

  


 

[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2ª graus e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2º grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO _ MEC

[2] Criado no Rio em 1995, controla hoje 379 escolas de informática e cidadania em comunidades carentes de 19 Estados. Além disso, possui franquias sociais não-lucrativas no México, Colômbia, Chile, Japão e Uruguai.