VOLTAR À PÁGINA INICIAL 

 

 

EDUCAÇÃO & LITERATURA

JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

 

A utilização da Internet na Educação

Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

Novembro/2001

 

 

 

Para MORAN (1997) a Internet está explodindo como a mídia mais promissora desde a implantação da televisão. É a mídia mais aberta e descentralizada. Aumenta o número de pessoas ou grupos que criam na Internet suas próprias revistas, emissoras de rádio ou de televisão sem pedir licença ao Estado ou estar vinculados a setores econômicos tradicionais. Cada um pode dizer nela o que quer, conversar com quem desejar, oferecer os serviços que considerar conveniente.

Para ele a distância hoje deixa de ser geográfica. Há uma distância econômica entre ricos e pobres, uma distância cultural numa diversidade de formas de pensar e de agir e uma distância entre aqueles que têm acesso e domínio das tecnologias da comunicação e os que não têm. A possibilidade do acesso à internet é uma expressão clara de democratização digital.

As redes eletrônicas podem fazer com que a educação presencial sofra grandes modificações. As escolas se abrem para a intercomunicação, facilitando a educação continuada, cada um no seu tempo e no seu ritmo. Assistimos à divulgação de pesquisas, o apoio ao ensino e à comunicação. A escola mostra o que produz, professores e alunos mostram o que criam de mais significativo. Textos, imagens e sons são disponibilizados em livros, revistas e vídeos. E a comunicação acontece entre professores e alunos, entre os professores e entre os alunos, de outras cidades ou mesmo de outros países. Entre pessoas conhecidas e desconhecidas, próximas e distantes. Todos navegam descobrindo novos endereços e divulgando suas descobertas. O papel do professor hoje é orientar o educando como acessar e conectar informações significativas, questionando sempre as afirmações problemáticas.


A Internet na educação contínua

“O artigo 80 da Nova LDB/96 incentiva todas as modalidades de ensino a distância e continuada, em todos os níveis. A utilização integrada de todas as mídias eletrônicas e impressas pode ajudar-nos a criar todas as modalidades de curso necessárias para dar um salto qualitativo na educação continuada, na formação permanente de educadores, na reeducação dos desempregados”.

Estamos vivendo uma transição quantitativa e qualitativa das mídias eletrônicas, segundo o autor, há uma aproximação da televisão, do computador e da Internet. Há uma integração do audiovisual, da hipermídia, do texto linkado, da narrativa do cinema e da televisão. Este panorama vai nos possibilitar a integração de todas estas mídias no ensino a distância e continuado. É a junção da escrita, da fala e da imagem a um custo barato, com rapidez, flexibilidade e interação.

Ao professor cabe fazer com que os alunos conheçam e usem as principais ferramentas da Internet, incentivar a pesquisa livre em vários programas de busca, levar o aluno a fazer o cadastro para seu e-mail pessoal.

Os alunos vão gravando os endereços, artigos e imagens mais interessantes em disquete e vão fazendo anotações escritas com rápidos comentários sobre o que estão salvando. Os resultados devem ser socializados, discutidos e comparados. O professor acompanha cada aluno, incentiva-o a resolver suas dúvidas e a divulgar suas descobertas. As aulas na Internet devem se alternar com as aulas habituais. O papel do professor é dar dicas, tirar dúvidas, anotar descobertas, complementar e questionar estas descobertas. Os alunos ainda podem pesquisar fora do horário de aula, e alunos e professores tiram dúvidas e orientam através do e-mail. O professor envia sugestões de leituras e até mesmo textos a serem lidos pelos alunos, eletronicamente.

Este processo exige uma forte dose de atenção do professor, este não pode deixar que os alunos se dispersem diante de tantas possibilidades de busca e de conexões possíveis, e que saibam fazer uma seleção do que serve e do que não serve, do que é essencial e do que é acidental, num trabalho de análise e comparação, assinalando as coincidências e as divergências. Ver, segundo o autor não equivale a compreender. É preciso um tempo para reflexão e aprofundamento do que se vê. Neste processo é importante que o professor fique atento ao ritmo de cada aluno, à suas formas pessoais de navegação, acompanhando, sugerindo, incentivando, questionando e aprendendo com o aluno.

 A Internet traz consigo novas possibilidades no processo de ensino-aprendizagem. Ela não é a solução mágica de todos os problemas, mas com certeza poderá facilitar em muito a pesquisa tanto individual como em grupo, o intercâmbio entre os professores, entre os alunos e entre professores e alunos. Ela vai propiciar a troca de experiências, de dúvidas, de materiais entre pessoas de diversas partes do planeta.

A Internet poderá ajudar o professor no preparo de suas aulas, tendo este acesso aos artigos atualizados, às notícias mais recentes, pode pedir ajuda a colegas conhecidos ou desconhecidos, e o professor se torna um assessor próximo do aluno, mesmo quando não está fisicamente presente. De onde ele estiver ele poderá coordenar o processo de ensino aprendizagem estimulando e acompanhando a pesquisa, debatendo os resultados.                                                                  

Facilita a pesquisa aos alunos e o preparo da apresentação dos trabalhos tanto individual como em grupo, possibilitando a consulta a colegas conhecidos ou não de sua região ou de outras partes do mundo. A Internet vai incentivar e facilitar a interação na troca de resultados e de materiais.

Pode também contribuir para a prática de línguas estrangeiras e para o aperfeiçoamento da língua materna.

Ela poderá possibilitar um ensino e uma aprendizagem dentro de processos mais abertos, flexíveis, inovadores e contínuos.

             

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

José Manuel Moran
jmmoran@usp.br

Professor de Novas Tecnologias da ECA-USP
Artigo publicado na Revista Ciência da Informação, Vol 26, n.2, maio-agosto 1997, pág. 146-153

 

Desafios da Internet para o Professor

José Manuel Moran
Professor de Novas Tecnologias

 


 

[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas do 2º grau. Professor facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO – MEC.