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EDUCAÇÃO & LITERATURA

JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

 

 

 

O HIPERTEXTO: A LINGUAGEM DA INFORMÁTICA

Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

Novembro/2001

 

Para DINIZ (1995) uma linguagem pode ser vista como um conjunto de técnicas utilizadas para armazenar e transmitir mensagens, idéias, intenções e as mais variadas expressões humanas, porém mais do isso uma linguagem é um instrumento que auxilia a pensar sobre o mundo, sobre seus semelhantes e sobre si mesmo.

Os instrumentos da informática segundo o autor servem para armazenar e transmitir informações e o que diferencia a informática da palavra escrita é a possibilidade de trabalhar com uma gama mais variada de formatos de informação. A escrita vai trabalhar apenas com informações armazenáveis em palavras, na informática vamos encontrar informações em formatos variados (multimídia). E vamos falar da informática como linguagem quando analisamos o impacto que a fácil manipulação de instrumentos de multimídia terá em nossa forma de penar e de ver o mundo.

Para Diniz a língua falada e escrita deram ao homem a capacidade de aperfeiçoar gradativamente o seu mecanismo de raciocínio abstrato. A história da escrita nos mostra a crescente abstração dos símbolos gráficos. Os desenhos figurativos de objetos e seres se transformaram em letras e alfabetos, fazendo a representação de idéias cada vez mais abstrata. Os meios utilizados para estruturar a linguagem: palavras, imagens, sinais e símbolos vão determinar a forma pela qual se materializam os pensamentos.

A tecnologia modifica a forma de fazer, ver e pensar o mundo determinando novas linguagens. O autor vai comparar as três formas de linguagens: a oral, a escrita e a informática. A primeira ele divide em oralidade primária que é aquela que se refere ao papel da palavra nas sociedades que não adotaram uma escrita e a secundária na qual a palavra falada complementa a escrita. Segundo ele numa sociedade oral primaria uma parte importante das construções culturais é calcada nas lembranças dos indivíduos, a inteligência é identificada com a memória e todo o conhecimento é transmitido oralmente. Esta linguagem persiste ainda nos dias de hoje, muito do que fazemos é composto por habilidades adquiridas pela observação e imitação e não do estudo de teorias contidas em livros. O alfabeto e a impressão permitiram o avanço da escrita que teve um papel essencial no estabelecimento da Ciência como modo de conhecimento dominante. Enquanto pessoas educadas em culturas orais primárias captam mais destacadamente situações, as pessoas educadas em culturas em que predomina a escrita tendem a pensar por categorias (raciocínio lógico). A linearidade e a objetividade do pensamento são frutos da cultura escrita.

Para DINIZ com a informática novas formas de pensar podem estar nascendo. Ainda não podemos definir o que seria o raciocínio da era da informática, mas podemos analisar as novas formas de representação e armazenamento do pensamento humano como o caso do hipertexto.

Já nos anos 40 Vanevar Bush, segundo o autor, acusava a hierarquização das classificações científicas de artificiais e de deturparem as formas naturais de elaboração de idéias. Para ele a indexação em classes e subclasses oculta formas de associação mais variadas que o raciocínio lógico e linear que as classificações não são capazes de representar. Nos anos 60 Theodore Nelson forjou o termo hipertexto para definir a idéia de escrita/leitura não linear num sistema de informática. Estes hipertextos, hoje hipermídias são mais importantes pela forma de acesso não-linear à informação que propõem do que por sua inimaginável dimensão.

Com essas possibilidades o trabalho de pesquisa a fontes de informação tende a se transformar e a se tornar acessível a um número cada vez maior de pessoas levando a questão da metodologia da investigação a fazer parte do cotidiano. Cresce a capacidade de armazenar informações e a possibilidade de manipulá-las a partir de outras formas de percepção dos sentidos. O hipertexto vai ser a matéria prima fundamental para a produção do conhecimento que poderá ser responsável pela nova forma de raciocínio capaz de ampliar os horizontes do pensamento humano. A forma do transporte da informação não é neutra e vai influir no tipo de raciocínio, tornamo-nos aquilo que observamos. A expressão navegação para explorar bancos de informação eletrônicos dá a idéia de um mar de informações que deve ser singrado para se chegar na parcela que nos interessa. A alfabetização em informática tem se tornado mais fácil graças à evolução de suas técnicas de utilização e num futuro próximo mais e mais pessoas estarão interagindo uma com as outras na linguagem da informática.

Ler uma mensagem significa acessar materiais criados por outros e escrever uma mensagem significa gerar materiais para os outros. Ao traduzir a técnica contida no computador para algo inteligível para a compreensão humana, a interface se torna decisiva na consecução da informática como linguagem. A escrita demonstra através da retórica, em uma representação estática e a informática simula utilizando a montagem de processos em uma representação dinâmica. A informática ajuda a buscar a informação que se quer, permite que o usuário utilize um assistente de navegação para suas pesquisas em bancos de dados eletrônicos ou na comunicação com outros usuários.

O autor diz que a informática permitirá novos modos de comunicação entre os homens, possibilitará o desenvolvimento de novas formas de estruturação do raciocínio e ainda abrirá uma nova frente de diálogo entre os homens e suas criações, as máquinas (isso numa visão mais futurista).

Além dos elementos de hipertexto e de interface a linguagem da informática tem o poder de produzir simulações e de facilitar as comunicações entre pontos distantes através de redes de computadores.

É importante ressaltar que uma linguagem não substitui a outra, elas convivem juntas, uma incorporando sempre a anterior, ampliando os universos de sensibilidade nos quais se baseia a comunicação do homem com seus semelhantes, com a natureza e consigo mesmo.

Para DINIZ o domínio da linguagem da informática é imprescindível para qualquer educador preocupado com as formas de expressão que determinam o pensamento humano. E para melhor entender o processo de ensino-aprendizagem, o conhecimento dos instrumentos da linguagem da informática se torna indispensável. E finaliza o autor afirmando que a compreensão do hipertexto e das interfaces homem-computador é relevante para a discussão sobre o futuro desse processo dinâmico que chamamos de Educação.

                                                                                                    

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

EDUARDO H. DINIZ Mestre de Sistema de Informação pela Fundação Getúlio Vargas REVISTA DE EDUCAÇÃO   INFORMÁTICA Ano 5 - número 11 - janeiro 95

 


 

[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas do 2º grau. Professor facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO – MEC.