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REFLEXÕES SOBRE AS NOVAS TECNOLOGIAS E O TRABALHO DOCENTE Josué Geraldo Botura do Carmo[1] Agosto/2001 |
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Três aspectos principais têm levado o professor a incorporar as novas tecnologias em seu trabalho docente: a necessidade de inovar o seu material didático, cobranças de atualização com relação à forma de trabalhar, por parte da instituição e dos próprios alunos, acesso rápido às novas informações. O uso das novas tecnologias nos mostra que há outras maneiras de ter acesso a situações de aprendizagem e podemos ainda criar novos recursos didáticos, através da multimídia, som e imagem, o uso do hipertexto, o trabalho em rede. Sem dúvida alguma há muitas dificuldades tecnológicas e financeiras que impedem o acesso a certos programas e a estúdios para manipular áudio e vídeo, e os educadores ficam a mercê das empresas que produzem os softwares educativos. Com o advento das novas tecnologias, o professor tem uma necessidade maior de estudos constantes para atualizar-se e adquirir novos conhecimentos, esta aquisição pode ser potencializada pelo uso de computadores e Internet através dos quais ele tem acesso mais fácil à informação e ao conhecimento e com maior velocidade. O docente deve estar em constante mutação para melhor lidar e se relacionar com este conhecimento e estar a par dos avanços tecnológicos e de suas possibilidades. Por isso o professor passa a ter novos interesses profissionais. Este deve estar sempre questionando e modificando suas formas de relacionar com as idéias, com as pessoas e com o papel que exerce. O trabalho docente torna-se mais coletivo, pois a aquisição das máquinas e a interligação destas em rede dependem de uma intenção clara da instituição, neste sentido. Há professores que utilizam a informática independentemente da escola e do seu grupo de trabalho. Materialmente, o produto do trabalho é mais rentável e econômico e há maior maleabilidade que permite retrabalhar o material didático em outros momentos. A utilização de computadores e da internet possibilita um maior intercâmbio, entre os outros professores, tanto do material didático elaborado quanto de outras informações. Por outro lado cobra-se mais dos professores, para que estes apresentem o produto de seu trabalho de uma maneira mais elaborada. As novas tecnologias potencializam este trabalho do professor, eles produzem mais e aperfeiçoam seus textos de acordo com o retorno dos alunos. A partir da utilização das novas tecnologias verifica-se um maior controle do tempo do professor, de sua presença e da qualidade do seu trabalho e outros que nem dá para imaginar ainda. Neste contexto de utilização de novas tecnologias além de ser mais controlado o professor acaba trabalhando mais, acumulando outras funções e tendo mais responsabilidades. Ele passa a não só elaborar suas aulas e ministrá-las como também digitar seus textos, formatá-los e imprimi-los e tais atividades são vistas como inerentes à função docente. Assim, o professor está se tornando um trabalhador mais explorado. O espaço de trabalho do professor também se modifica com o uso das novas tecnologias da comunicação e da informação. Passa a ser possível o recebimento de convocações, anúncios, mensagens, dos vários setores da escola, através do e-mail e até mesmo de alunos. Há uma melhora das condições de trabalho pelo fato do computador, como já foi dito antes, possibilitar o aproveitamento dos materiais didáticos sem que seja necessário fazer tudo de novo. Utilizando as novas tecnologias em especial a Internet, é possível que a comunicação entre os professores e destes com seus alunos seja maior e mais flexível. Contudo, o professor continua elaborando suas aulas e ministrando-as e preserva a sua autonomia, apesar da maior parte do trabalho ser em grupo. Continua havendo a necessidade do professor ser competente e habilitado para a função que desempenha e estar continuamente se aperfeiçoando. Não são as novas tecnologias que o tornam mais ou menos qualificado, o que ela pode é dar um suporte melhor para a concepção e execução de suas atividades docentes. Tende a permanecer a necessidade de um ensino de qualidade, pois este não está apoiado somente no uso das novas tecnologias na educação. Os problemas educacionais são muito amplos e não estarão resolvidos a partir do uso das novas tecnologias. É preciso considerar antes de tudo a história dos indivíduos, das pessoas enquanto grupos sociais. Considerar a história da educação e a história política e econômica. As novas tecnologias têm que ser introduzidas de forma coletiva, democrática e com planejamento. É necessário estudar e discutir com os colegas e ter a consciência de que o fato de se usar as novas tecnologias não implica em aprendizagem, tanto para o professor quanto para o aluno. A vivência de uma situação de aprendizagem tem mais valor que a simulação destas novas tecnologias. É preciso estudar, discutir e refletir sobre questões relacionadas à educação e ao uso destas novas tecnologias no campo educacional. É preciso muita precaução com relação ao uso das novas tecnologias de forma alienante, trata-las como coisas de outro mundo. Elas têm também a sua história e são construções políticas, sociais, econômicas e culturais. Podemos concluir que com as novas tecnologias o professor tem uma maior flexibilidade de tempo, embora aumente o seu trabalho e as suas atribuições, tem que estar em constante atualização, não só no que se refere ao uso de novas tecnologias, mas a outras questões ligadas ao exercício da profissão docente. Foi possível perceber que neste contexto de uso de novas tecnologias cobra-se mais dos professores e estas são feitas tanto pelos alunos quanto pela instituição. Há uma maior flexibilidade de comunicação entre os alunos e os professores e desses últimos entre si. Há um aumento no interesse profissional do professor, uma maior produtividade, um maior acesso à informação e ao conhecimento e com maior velocidade. Não são as novas tecnologias que qualificam o professor. Os problemas educacionais não estão resolvidos com o uso delas. As novas tecnologias podem ser implantadas e usadas de forma autoritária ou democrática. Ficam algumas dúvidas e incertezas: o professor ganha ou perde autonomia? O trabalho do professor será mais valorizado? As novas tecnologias poderão melhorar o relacionamento humano? Haverá maior integração entre as pessoas e suas idéias? É importante refletirmos quanto ao papel do professor, com a introdução das novas tecnologias nas escolas: este deixa de ser um coordenador do ensino-aprendizagem, para ser um facilitador da aprendizagem, um animador da inteligência coletiva de grupos e um formador de opiniões. A aula expositiva como principal técnica docente e a sala de aula como principal ambiente de ensino-aprendizado perdem a centralidade com os espaços virtuais de aprendizagem, não existem mais lugares do saber. O ambiente em sala de aula é desviado por completo para o uso de computadores através de softwares educativos, que é uma forma de substituir a utilização do livro didático. O professor deixa de ser o principal agente transmissor. Novas funções docentes se descortinam e a exigência de um acompanhamento individualizado do aluno é imprescindível. O professor deve agora ter maior diversidade de conhecimentos e novas habilidades, principalmente no âmbito das novas tecnologia As novas tecnologias vão exigir um trabalho em equipe dos professores: um professor trabalhando com a abordagem dos conteúdos, seus aspectos pedagógicos, pesquisa de material e acompanhamento de mensagens eletrônicas, outro professor criando e desenvolvendo páginas da Web, e outro ainda responsável pela estrutura do site, caminhos para navegação, atualização e incorporação dos recursos disponíveis. O webdesigner e o webmaster podem ser responsáveis pelos sites de várias disciplinas. Isso pode contribuir para uma jornada flexível do trabalho docente que vai exigir a necessidade de incluir um tempo maior para o trabalho em equipe para encontros de discussões e experimentações, em busca de novos caminhos e alternativas para o trabalho e socialização de conhecimentos. A existência desta equipe de trabalho não exime que o professor saiba utilizar a Internet, pois são de sua responsabilidade a pesquisa e o feedback aos alunos. E é ele que deve dar a palavra final sobre os aspectos instrucionais, pois de nada adianta um site bonito, cheio de recursos, se não contribui para o efetivo aprendizado dos alunos. O professor hoje precisa desenvolver a capacidade de lidar com a transdisciplinaridade, se abrir às novas fontes de informação, e de realizar o trabalho docente em equipe, além de saber gerir a construção coletiva de projetos de estudos e pesquisa. Com o avanço da Ciência Cognitiva o sistema educacional vem sendo cada vez mais focado sobre a aprendizagem em vez do ensino. O desenvolvimento da teoria da aprendizagem tem mudado a natureza do aprendizado e da percepção do aluno. O conhecimento, hoje, é considerado como algo socialmente construído através da ação, da comunicação e da reflexão por parte dos alunos. A base teórica dos modelos instrucionais afeta não só a forma como a informação é comunicada ao aluno, mas também na forma como o aluno entende e constrói um novo conhecimento a partir das informações apresentadas, num trabalho cooperativo que vai propiciar uma aprendizagem cooperativa, que vai inserir o aluno em um mundo formado por diferentes idéias e opiniões diferentes. O aluno argumenta para defender o seu ponto de vista e refutar as opiniões dos colegas em busca do consenso. E não há mais, ou pelo menos diminui a visão estrutural e linear de apresentação e desenvolvimento do conteúdo a ser ensinado.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA O SIGNIFICADO E A PRÁTICA DA TUTORIA - REGISTROS INICIAIS DE UMA EXPERIÊNCIA Carmenísia Jacobina Aires Gomes Universidade de Brasília - Faculdade de Educação Campus Universitário Darcy Ribeiro - DF
USO DA INTERNET COMO APOIO PARA CURSOS PRESENCIAIS Universidade Anhembi Morumbi e-mail: sgmoraes@ruralsp.com.br
A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA COMO DESAFIO PARA O PRÓXIMO MILÊNIO: REVISITANDO A EXPERIÊNCIA DA UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA - UNIVERSO, NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Delba Guarini LemosUniversidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO
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Pontifícia Universidade Católica de Campinas Maurício Prates Pontifícia Universidade Católica de Campinas
[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas do 2º grau. Professor facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO – MEC.
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