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A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAJosué Geraldo Botura do Carmo[1] Janeiro/2002 |
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Segundo Maria Christina Zentgraf a teleducação requer do cursista qualidades nem sempre valorizadas no ensino presencial: a autonomia, o autodidatismo e a autodisciplina. Hoje além do material impresso e do correio os cursos não-presenciais podem contar com a comunicação professor-aluno através do telefone, fax, rádio, televisão, fitas de áudio ou de videocassete, computador, além de serviços de tutoria presencial. Desta forma há possibilidade de se organizar cursos com alunos presenciais e não presenciais nas mesmas turmas. Contudo o uso de tecnologias na Educação varia em decorrência das possibilidades socioeconômicas e tecnológicas de cada país, ou de regiões dentro de um mesmo país como é o caso do Brasil, das instituições de ensino e do alunado. É o somatório desses três elementos que irá determinar o(s) meio(s) a ser(rem) utilizado(s) na Educação a Distância. Convivem hoje na teleducação desde o ensino por correspondência até as tecnologias da multimídia e da Internet. A educação hoje visa uma formação de cidadãos participativos, conscientes de seus direitos e deveres e preocupados com a transformação e aperfeiçoamento da sociedade. Na prática não é assim tão fácil assumir essa postura, e no ensino a distância as dificuldades ainda são maiores. Nem sempre é possível se planejar e produzir um curso a distância conhecendo a realidade, necessidades e expectativas da clientela. E depois há a necessidade de sistemas de tutoria, para que se possa realizar atividades contextualizadas de acordo com a realidade do cursista. Quem pretender ingressar nesta modalidade de curso deverá estar ciente de que terá liberdade para estabelecer horários e locais de estudo, ter o cuidado de selecionar os materiais didáticos indicados para completar a aprendizagem, ter iniciativa para comunicar-se com o tutor sempre que sentir necessidade e ter a responsabilidade de encaminhar suas tarefas para correção quando as concluir. Essa experiência o fará um autodidata, qualidade que o acompanhará para o resto da vida. Aprenderá a organizar um cronograma, compatibilizando seus horários de estudo com sua vida profissional e doméstica. Se o cursista não souber trabalhar essa liberdade e flexibilidade acaba por atrasar o cumprimento das tarefas e por fim abandonam o curso devido ao acúmulo de matéria. Com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal no 9.394/96) sancionada pelo Presidente da República em 20 de dezembro de 1996, a Educação ganhou amparo legal, podendo contribuir para a solução dos graves problemas educacionais do País. Estabelece o Art. 80 da referida Lei: "O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1º - A Educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º - A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registros de diplomas relativos a cursos de Educação a distância. § 3º - As normas para produção, controle e avaliação de programas de Educação a distância e autorização para sua implantação, caberão aos órgãos normativos dos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º - A Educação a distância gozará de tratamento diferenciado que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais". A Educação a Distância é apenas uma estratégia, uma metodologia de ensino a serviço da Educação: a estrutura do curso, o currículo, os critérios de avaliação serão os mesmos aprovados para os cursos convencionais. O que difere aí são as atribuições do professor, a relação professor-aluno, os meios usados para veicular o conhecimento e a organização técnico-administrativa do setor responsável pelo programa de cursos. É preciso criar um sistema integrado e harmonioso de Educação a Distância em nível nacional, pois essa modalidade de ensino terá condições de atender déficits de todo o País. Para que esses cursos venham a funcionar há necessidade de professores planejando, elaborando o curso e produzindo material instrucional e de execução. São equipes formadas por professores pedagogos e especialistas nas diferentes disciplinas, tecnólogos educacionais, comunicólogos e administradores educacionais, desenvolvendo atividades que perpassam todas as etapas do curso: planejamento a partir das necessidades da clientela, currículo, ementas das disciplinas. Seleção de conteúdos e meios de veiculação. Calcular recursos financeiros e estabelecer cronogramas. Para tanto vai demandar educadores atualizados em conteúdos específicos, psicologia da aprendizagem, didática, metodologia do ensino, sistemas de avaliação, tecnologia educacional, etc., de acordo com cada via: rádio, TV, vídeo, computador, etc. que diferenciam bastante em suas características quanto a recursos didáticos. E durante a execução do curso há a necessidade da presença de professores como tutores para atendimento às dúvidas, correção de tarefas, realização de encontros presenciais, avaliação e aperfeiçoamento do próprio curso. Essa modalidade de ensino sofre uma avaliação pública, pois podem ser lidos, vistos, ouvidos por qualquer pessoa, o que não acontece com o ensino presencial. Daí a teleducação ser um incentivo ao aperfeiçoamento docente. A integração entre os cursos presenciais e a distância é que vai dar oportunidade de acesso e permanência do aluno nos sistemas educacionais, democratizando o ensino em todo o território nacional. O importante é primarmos por cursos de qualidade tanto presenciais como não-presenciais.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Maria Christina Zentgraf - doutora em Educação pela UFRJ, consultora do ABT e professora associada junto ao Programa de Teleducação da Universidade Castelo Branco. REVISTA DE HISTÓRIA REGIONAL 4(2):139-157, Inverno 1999 [1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas do 2º grau. Professor Facilitador pelo PROINFO - MEC
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