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EDUCAÇÃO & LITERATURA

JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

 

 

AS NOVAS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

Dezembro/2001

 

Para HACK verifica-se atualmente a presença das novas tecnologias de comunicação nos mais diversos ambientes propondo uma mudança dos paradigmas de tempo e espaço e inserindo outros desafios na pauta de discussões. É uma espécie de revolução silenciosa, marcada pelo desenvolvimento conjunto das telecomunicações, da informática, da automação do escritório, dos satélites, dos robôs e da eletrônica de lazer.

Juan Diaz Bordenave[2] vai definir novas tecnologias de comunicação, em 1991 como novos métodos e técnicas empregados na criação, armazenamento, seleção, transformação e divulgação das informações, destacando três campos entre as novas tecnologias: computação, microeletrônica e as telecomunicações. Essas  novas tecnologias passaram a adotar a utilização de códigos digitais binários, que proporcionam maior número de informações em períodos de tempo menores. A substituição das válvulas pelos microprocessadores (chips) e a mudança dos cabos metálicos por fibras óticas, e ainda o uso de ondas de alta freqüência, possibilitaram a transmissão e o armazenamento de enormes quantidades de informação em alta velocidade e com significativa redução no consumo de energia.

HACK vai caracterizar as novas tecnologias da comunicação como “a forma de realizar a tarefa comunicacional com agilidade, podendo ser identificada também como uma nova maneira de transmitir, com mais fidelidade, as informações. Não se esquecendo que é preciso analisá-la sob o prisma dos impactos sociais, políticos, econômicos e culturais causados pela implantação tecnológica em países menos desenvolvidos”.

Segundo o autor, Barros Nunes[3] vai definir a educação a distância como uma sistemática de auto-estudo que pode ser realizada através dos meios de comunicação. É uma maneira de ensinar onde existe uma separação física entre professor e aluno, mas que prevê a intercomunicação e possibilidade de encontros periódicos entre as partes. E NOGUEIRA[4], em 1996, segundo o autor, vai dizer que se trata de uma forma de ensino que proporciona ao aluno que não tem condições de comparecer diariamente à escola a oportunidade de adquirir os conteúdos que são repassados aos estudantes da educação convencional. Possibilita a eliminação das distâncias geográficas, econômicas, sociais, culturais e até mesmo psicológicas. E ainda proporciona ao aluno a organização do seu tempo de estudo, sem limitações físicas.

O professor Pedro Demo[5] em 1994 vai fazer uma distinção entre os termos “educação a distância” e “ensino a distância”. Para ele a educação a distância será parte natural do futuro da escola e da universidade. Ensino a distância seria uma proposta para socializar informação, transmitindo-a de maneira mais hábil possível, e educação a distância, por sua vez, exige aprender a aprender, elaboração e conseqüente avaliação. Pode até conferir diploma ou certificado, prevendo momentos presenciais de avaliação. Para ele os cursos de aperfeiçoamento serão futuramente quase todos a distância. 

A terminologia educação a distância é portanto mais abrangente e implica não somente na transmissão de informação, mas também no processo de construção do conhecimento. Trata-se de refletir de forma crítica e criativa sobre a própria percepção e apreensão da informação, segundo o autor. E precisamos segundo ele     empreender uma busca pela melhoria da educação utilizando-se as novas tecnologias de comunicação nessa democratização e popularização do ensino de primeiro, segundo e terceiro graus no Brasil.  

Arnaldo Niskier[6] vai dizer em 1993 que “ao se introduzir a mídia em uma escola ou então ao se discutir a contribuição das tecnologias recentes na educação a distância, muitos professores se opõem com medo de perder seu espaço. Entretanto, é necessário analisar criticamente esta questão e evitar os "mal-entendidos":  Entende-se que as novas tecnologias poderão a vir substituir o professor em classe. Porém o que ocorrerá é que o mestre, com a implantação das novas tecnologias na educação será liberado de funções menores para poder finalmente exercer o seu grande papel de orientador e conselheiro. Para NISKIER[7] “o desenvolvimento da eletrônica e da cibernética permitirá que a educação à distância suplante totalmente o sistema convencional de ensino, mas antes haverá necessidade de uma clara mudança de mentalidade, que permita o uso maciço do rádio, da televisão, do cinema, da máquina de ensinar, dos projetores, do computador e do satélite. Só com o emprego inteligente desse instrumental poderá ser vencida a batalha dos números e da qualidade em nossa educação”.  

Para HACK o rádio tem exercido seu papel de um meio de comunicação de massa cuja importância na educação a distância tornou-se destacada devido a sua abrangência e praticidade, assim como a televisão que pode ser empregada com sucesso na educação a distância.

Em 1996 o professor Ismar de Oliveira Soares[8] vai dizer que "educar com e através do rádio, da TV, do jornal, do computador e de todo e qualquer recurso ou veículo de comunicação passa a ser, hoje, questão de exercício e de prática de direitos de cidadania". Isso é válido não só para a modalidade a distância, mas também para a educação presencial. E não se pode esquecer da importância da capacitação dos professores que trabalham com a mídia.

Um dos grandes desafios atuais dos setores que trabalham com a educação é a introdução das novas tecnologias no cotidiano da escola. Para isso é preciso se prever a criação de centros de capacitação de professores para a utilização de computadores e vídeo em sala e aula, sempre observando as limitações topográficas e culturais de cada região.

Para o autor, o  computador, por sua flexibilidade e amplitude de recursos, apresenta-se atualmente como uma ferramenta indispensável para o professor que pretende dinamizar suas aulas. Citando a jornalista e mestre em História e Filosofia da Educação Dora Incontri[9] (1996) ele vai dizer que, segundo ela, a utilização do computador pode contribuir para saltos significativos no processo educacional. Ela mostra que o CD-Rom adquiriu características de uma nova espécie de livro que contém, além da mensagem escrita, imagens e sons. Salienta ela que no processo tecnológico vivido atualmente, o homem precisa sentir-se o sujeito das mudanças, pois a tecnologia é apenas um impulso para que a humanidade empreenda uma nova revolução.

Desta forma o autor vai afirmar que a utilização da multimídia passa a ser um grande aliado para a educação a distância. “Mensagens e aulas completas podem ser repassadas aos alunos que residem longe dos estabelecimentos de ensino através de CD-Rom ou disquetes. O estudante não precisa se deslocar até a escola. Basta apenas adquirir o material,  ter a ferramenta em sua casa para operar as atividades e, naturalmente, investir no aprendizado”. E a Internet vai combinar as formas comunicacionais  de todos e cada um dos meios que a precederam.

Segundo HACK em 1984 surgiu o primeiro projeto oficial no Brasil com vistas a informatizar a Educação, através da EDUCOM, projeto de iniciativa do MEC e outros órgãos federais, com o intuito de fomentar a pesquisa e a formação de recursos humanos para a futura implantação de computadores nas escolas da rede pública de ensino. Em l986 criou-se um programa para capacitar professores e dar suporte técnico para as secretaria estaduais da Educação, escolas técnicas e universidades: o FORMAR I. Este primeiro curso oficial teve boa repercussão e foram criados centros de informática em diversos estados do país, voltados para as necessidades de cada região, mobilizando também os municípios. Com essas iniciativas em 1995 já existiam aproximadamente 400 laboratórios de informática em escolas estaduais e municipais e mais de 10 mil professores estavam preparados para trabalhar com a informática. Em 1996 o Governo Federal, através do Ministério da Educação e Desportos anunciou o Projeto Especial de Informática. Este projeto previa um investimento de R$300 milhões com o intuito de distribuir 230 mil computadores para o ensino. Cada escola pública do país com mais de 300 alunos teria ao menos dez computadores. Imprensa e especialistas fizeram com que o projeto passasse por várias revisões antes de sua aplicação apontando a necessidade do treinamento dos professores antes da distribuição dos computadores, pois não basta constatar a importância e a viabilidade da utilização de ferramentas como o computador na educação, é preciso discutir com os pares e observar criticamente cada contexto para que se busque a maneira mais adequada às características regionais.

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

Josias Ricardo Hack 

Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)


 

[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das matérias pedagógicas do 2º grau. Professor facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO – MEC.

[2] BORDENAVE, Juan Diaz. As Novas Tecnologias de Comunicação e a Educação à Distância. In: BALLALAI, Roberto (org.). Educação à Distância. Niterói, Grafcen, 1991. 

[3] NUNES, Ivônio Barros. Noções de Educação a Distância. In: BARRETO, Lina Sandra (org.). Projeto CEAD/UNOESC. Fundamentos da Educação a Distância. Leituras Obrigatórias. Brasília, Centro de Educação Aberta, Continuada a Distância, sem data, p.02-23. 

[4] NOGUEIRA, Luís Lindolfo. Educação a Distância. Comunicação & Educação. São Paulo, Moderna, Ano II, n.5, jan./abr., 1996, p.34-9. 

[5] DEMO,Pedro. Pesquisa e Construção de Conhecimento: Metodologia Científica no Caminho de Habermas. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1994, 125p. 

[6] NISKIER, Arnaldo. Tecnologia Educacional: Uma Visão Política. Petrópolis, Vozes, 1993, 182p. 

[7] idem.

[8] SOARES, Ismar de Oliveira. A Televisão e as Prioridades da Educação. Comunicação & Educação. São Paulo, Moderna, Ano II, n.6, mai./ago., 1996, p.22-8. 

[9] INCONTRI, Dora. Multimídia na Educação. Comunicação & Educação. São Paulo, Moderna, Ano III, n.7, set./dez., 1996, p.16-20.