EDUCAÇÃO & LITERATURA JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO |
NOVAS PERSPECTIVAS NO CAMPO DA EDUCAÇÃO Josué Geraldo Botura do Carmo[1] Maio/2003 |
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“agir coletivamente, na esperança e no compromisso de refazer esse país, torná-lo sério, democratizá-lo e, assim, defender a vida, construir o sonho e viabilizar o amor”. Paulo Freire A construção de uma escola pública de qualidade requer infra-estrutura, recursos, autonomia política, administrativa e pedagógica, além da qualificação de seus profissionais que vão constituir o suporte da ação educativa. Com a mudança de governo, de um governo neoliberal para um governo socialista, muda-se a perspectiva do processo educativo no Brasil, e faz brotar novas esperanças em nossos corações. O momento é de diagnosticar, eleger prioridades, organizar ações e demarcar medidas urgentes. Estamos diante da reconstrução da educação no Brasil. No governo Fernando Henrique Cardoso tivemos a “reforma educacional” através da alteração da Constituição Federal e da Aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e a Lei do Fundo de Desenvolvimento e Manutenção do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF).
Temos que estar alertas para o fenômeno da crescente privatização no atendimento do ensino superior e da educação infantil, da baixa qualidade da educação básica e dos problemas na formação dos professores e da insuficiência geral de recursos.
"Os oitos anos de governo FHC transformaram o regime de colaboração em tutela da União sobre os estados e municípios. A imposição do processo de municipalização do ensino fundamental, sem a necessária democratização dos recursos e sem a articulação entre os sistemas, criou uma situação delicada no relacionamento entre as esferas administrativas”.(APEOESP[2]) A primeira coisa a se analisar em um projeto de educação é a sua intencionalidade política: “Para quem, para quê, a favor de quem irá se direcionar. Quais as opções que fará e as prioridades que irá eleger. Que relações irá estabelecer com a sociedade e com os sujeitos responsáveis pelo ato educativo”.E a partir daí serão estabelecidos os eixos principais do projeto, seu conteúdo e sua organização. No atual governo o projeto educacional visa uma escola pluricultural, democrática, sem exclusões. E segundo a APEOESP o programa educacional do novo governo está dividido em quatro eixos: · democratização do acesso e garantia da permanência; · qualidade social da educação; · valorização profissional; · regime de colaboração e gestão democrática. Estamos diante da desconstrução e da negação da concepção mercadológica da educação, para a construção da lógica do direito e da inclusão social. Dentre os instrumentos propostos está a criação de um Sistema Nacional Articulado de Educação, “responsável por institucionalizar o esforço organizado, autônomo e permanente do Estado e da sociedade, por meio da gestão democrática e cooperativa, para fazer com que questões como a ampliação de escolas, a manutenção da rede escolar existente e as demais condições viabilizem o acesso e a permanência de todas as crianças na escola”.[3]
Outro procedimento é
a reorganização dos tempos e espaços escolares, superando o fenômeno da
exclusão escolar, recuperando a auto-estima de estudantes e educadores da
escola pública, valorizando a sua capacidade de construir, de criar, de se
apropriar do conhecimento, de produzir novos saberes, de se enriquecer
culturalmente, resgatando a escola como um espaço privilegiado de
aprendizagem. Segundo a APEOESP temos no Brasil o seguinte quadro:
- 1/3 dos
professores sem titulação adequada; Para uma educação de qualidade é preciso considerar antes de qualquer coisa os trabalhadores em educação como sujeitos indispensáveis na construção da nova escola e a sua ação educativa valorizada e qualificada. Quanto ao regime de colaboração e gestão democrática da educação, o programa almeja inaugurar uma forma de relação política que respeite as incumbências de cada esfera administrativa, suas especificidades e autonomia e ao mesmo tempo consagre o regime de colaboração “subordinado não somente ao cumprimento do direito público subjetivo ao qual correspondem deveres de Estado e ações de governo, como também à superação de desigualdades, à formação básica comum e à consolidação de um padrão de qualidade”.[4] Espera-se que se consiga responder as demandas produzidas por instituições, grupos e movimentos sociais. Cabe ao novo governo promover a descentralização e estabelecer uma nova relação com estados e municípios para recuperar o respeito ao pacto federativo e implementar alternativas de relacionamento capazes de responder as demandas educacionais do país, de forma articulada. Em resumo, se faz necessário ampliar os recursos para a educação, recuperar o conceito de investimento-aluno-qualidade, e implantar a política do piso salarial profissional nacional para o magistério, além de se dar um tratamento emergencial à política de formação de professores.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA REVISTA DA EDUCAÇÃO APEOESP - REVISTA DA EDUCAÇÃO - Nº 16 • MARÇO/2003 acessado em 27/04/2003 Bibliografia Recomendada
[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2º grau. Professor Facilitador pelo PROINFO – MEC NTE – MG2. [2] Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo [3] Cadernos do Observatório; Campanha Nacional pelo Direito à Educação; nº02, outubro/2000
[4]
Uma Escola do
Tamanho do Brasil; Programa de Governo 2002; Coligação Lula Presidente. |