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EDUCAÇÃO & LITERATURA

JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

 

O ESPAÇO CIBERNÉTICO

Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

Abril/2002

 

 

 

Segundo  Lévy “o espaço cibernético é um terreno onde está funcionando a humanidade, hoje.” É um espaço de interação humana, com capacidade plástica e metamorfose imediata, de grande importância principalmente no plano econômico e científico, além do campo pedagógico, estético, artístico e político. O espaço cibernético contém todas as memórias informatizadas e de todos os computadores, onde qualquer pessoa pode se tornar uma emissora. O que vai diferenciar esta mídia da impressa, ou da televisiva é que nestas há  um centro emissor e uma multiplicidade de receptores, e no caso do telefone não tem uma emergência do coletivo na comunicação, embora seja uma tecnologia com interatividade. E o espaço cibernético é a emergência de uma inteligência coletiva. De seu interior emergem hipertextos, multimídias interativas, simulações, mundos virtuais, dispositivos de tele-presença.

A esfera da comunicação e da informação está se informatizando: são textos, imagens e músicas produzidas por computador. Os bits da informática são como gens da genética, uma microestrutura. Assim uma mensagem numeralizada pode ser controlada de perto de uma maneira muito fina, através de um controle molecular de seu objeto, dando fluidez e rapidez às mensagens, recuperando a possibilidade de ligação com um contexto que havia desaparecido com a escrita e com todos os suportes estáticos de formação. Podemos dizer que é o reencontro da comunicação viva da oralidade, de uma forma agora muito mais ampla.  

Se antes nos deslocávamos diante do texto, agora é o texto que se desdobra como um caleidoscópio diante de nós, e agora podemos participar da mensagem, pois ela não se impõe em um único aspecto. São diversas formas de se ver um mesmo tema que se apresenta diante de nós. A isto chamamos de interatividade: é a participação na mensagem, é a nossa síntese diante dos variados pontos de vista. Nós agora participamos, refletimos. O espaço cibernético vai reafirmar a idéia de que toda leitura é uma escrita em potencial. E acima de tudo estamos assistindo a uma desterritorialização dos textos. São textos sem fronteiras próprias e sem interioridade definível. E é como se todos os textos fizessem parte de um único texto. O que existe é um autor coletivo, em constante mutação. É o fim da página, que é um campo com proprietário, com fronteiras delimitadas. A Internet vai sugerir o fim das fronteiras, e a construção de uma nova pólis.  

Estamos na direção de uma potencialização da sensibilidade, da percepção, do pensamento, da imaginação através da cooperação e da coordenação da comunicação e da informação em tempo real. É a emergência da inteligência coletiva, equipamentos que podem ajudar o aprendizado e a aquisição de saberes, além de favorecerem a emergência da autonomia individual e grupal. E quanto mais esses sistemas forem utilizados, mais aperfeiçoados serão. É um espaço de saber vivo e dinâmico. Podemos, com a emergência do espaço cibernético imaginar a emergência da imaginação e da inteligência das pessoas de uma outra forma. E a informática pode contribuir para uma democracia direta e em grande escala.

  

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Pierre Lévy

A EMERGÊNCIA DO CYBERSPACE E AS MUTAÇÕES CULTURAIS
Palestra realizada no Festival Usina de Arte e Cultura, promovido pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em Outubro, 1994.Tradução Suely Rolnik. Revisão da tradução transcrita   
João Batista Francisco e Carmem Oliveira

  

VER TAMBÉM

O CIBERESPAÇO

O ESPAÇO GEOGRÁFICO DA PÓS- MODERNIDADE

 

[1] Pedagogo com habilitação e Administração Escolar do 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas do 2º grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO - MEC